Era uma vez uma... feijoada
Por Juliana Portella
Existe uma maneira bem divertida e econômica de se colocar laje em casa. Faz-se um prato especial e toda a vizinhança trabalha e se diverte.
Mas a história que hoje eu conto pra vocês foi um episódio inusitado, que aconteceu na casa da Márcia Cristina dos Santos. Num momento de dificuldades financeiras, o telhado da casa começou a apresentar problemas e a família resolveu colocar laje.
O padrasto de Márcia fez um malabarismo econômico e comprou o material na loja de construção na vizinhança, antes de chamar os amigos que ajudariam a virar o concreto.
No dia de bater a laje, sua irmã mais velha fez uma feijoada para a rapaziada que iria trabalhar o dia inteiro. Eram cerca de 10 homens. O grupo era animado e trabalhador, mas a fama da feijoada da irmã dava mais disposição a eles. Todos sonhavam com aquela suculenta feijoada no final de um duro dia de trabalho.
Os primeiros sinais de quem nem tudo ia sair conforme o planejado caíram do céu, juntamente com as gotas de uma chuva inesperada. Preocupados com os estragos da chuva, os homens acataram a idéia do chefe da laje. "Vamos forrar uma lona por cima do que já está pronto", anunciou ele, de cima do telhado. "A casa não é tão grande assim."
A rapaziada respirou aliviada quando a chuva passou, e retomou o trabalho. Mas quando os homens subiram para dar continuidade ao trabalho, a fome começou a perturbar o juízo do irmão de doze anos de Márcia. "Quando é que a gente vai comer aquela feijoada?", perguntava ele.
Márcia pediu para que o menino aguardasse, mas ele, teimoso como uma mula, foi até o panelão pegar um pouco de feijoada. E desesperado de fome, ele esqueceu que a panela estava quente.
Foi aí que a aguardada feijoada, com seus cheirosos pedaços de carne, lingüiça, orelha de porco, acompanhada não do arroz branco e farofa, mas do grito do menino.
Não, o menino não se machucou, nem se queimou quando virou a panela. Mas, a feijoada, foi toda no chão.
Que azar, ninguém mais saboreou a feijoada!
E o coitado do menino, levou tanta bronca naquele dia que nunca mais se atreveu a teimar com suas irmãs.
Com muita indignação, a irmã de Márcia teve que improvisar um macarrão, para aquele mutirão que trabalhara a manhã inteira. Márcia estava morrendo de vergonha quando serviu os pratos da rapaziada.
Um comentário:
Com essa semana de obras, sem dúvidas a garotada do PROJOVEM , chegou a conclusão de que se fazer obra é tarefa um tanto quanto difícil. E quando é dentro de casa é que a dificuldade aumenta. Mas a galera de Cabuçu, em específico, mostrou que não desiste e mesmo com as adversidades que uma simples obrinha pode trazer, eles dão um jeitinho, e tudo se ajeita.
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