Uma Alvorada cheia de estrelas
Por Priscilla Castro
Seus olhos esta noite presenciaram algo que nem sempre vêem. Não vou dizer que a noite estava bela, pois não seria verdadeiro; ela estava meio fria e tinha no céu algumas nuvens e pouquíssimas estrelas, talvez porque elas tenham descido e se juntado a nós nessa grande confraternização. E toda constelação tem o poder de iluminar os mais longínquos lugares.
Todos aqueles jovens reunidos, as três turmas do bairro Jardim Alvorada, sem dúvida iluminaram o pátio escuro e mórbido daquela escola.
Hoje, vi naqueles rostos, que tem entre 18 e 24 anos e muitos sonhos pela frente a realizar, a alegria de estarem participando da construção da identidade iguaçuana. Foi justamente de sonho que falou a oficineira, num tom emocionado e quase embargado. Ressaltou a importância de sonhar e lutar por nossos sonhos. “Não vamos perder o foco dos nossos sonhos”, prega.
A oficineira é maestro, líder de torcida e general. E como num campo de batalhas ela adverte os meninos exclamando: “Soldado que entra na guerra desanimado , morre!” A presença feminina é maciça no grupo e elas estão mais animadas que os rapazes. Acho que não há mais lugar para os homens na liderança.
Desmistificando a atual e quadrada idéia de que o “jovem de hoje” é alienado e não quer participar de nada, eles se organizam e trocam idéias sobre o que farão no dia do encerramento do projeto. Em uma dessas trocas de idéias, um jovem sugere um grito de guerra e é vaiado ao cantar “morro da Alvorada”. Alguém sugere outra letra, eles batucam as mesas ritmicamente, me fez lembrar a concentração de uma escola de samba. Depois cantaram, como num coral evangélico de filme hollywoodiano, a palavra Alvorada.
A criatividade deles não pára por aí. Ainda fizeram um rap cuja letra não aborda a sexualidade, nem o tráfico ou a violência de uma periferia qualquer, mas sim o próprio projeto. Creio que quem estiver na Vila Olímpica de Nova Iguaçu, no dia 28 de setembro, sairá de lá embriagado com a alegria do Alvorada. No dia não vão faltar pompom, peruca colorida nem chocalho.
Vanderléya tem experiência de uma mulher de quarenta anos (ao anunciar que é seu aniversário na quita-feira, todos comemoram) e a força esfuziante de uma mulher de vinte. Os jovens têm capacidade e talento, mas precisam ser estimulados, atiçados. Necessitam de um líder que os entenda, de uma liderança enérgica como a dela.
Lamento apenas que esse momento não tenha sido filmado. Pois é algo que deve ser registrado de todas as formas, para que todas as pessoas possam sentir a mesma vibração que senti neste dia. Eles batucaram, cantaram, assobiaram e gritaram uhu!
Saí de lá contaminada por aquela energia jovial e despreocupada de quem se joga sem medo de cair, e ao mesmo tempo ansiosa por testemunhar o grande dia que está por vir.
Um comentário:
Vocês me emocionam, com tantas palavras de carinho e admiração.... é fato que estou embreagada de alegria, esperança e orgulho por ter conquistado os jovens de Alvorada. Amo esse trabalho com jovens e desejo que eles tenham a capacidade de sonhar com vinte anos, porque só aprendi a nutrir meus sonhos aos trinta....nunca é tarde!!!! Sonhem, e busquem as oportunidades de realiza-los. Beijos no coração te todos vocês!!! Obrigada pelo carinho.
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