sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Olha eu aqui, mãe!

Por Camila Oliveira

Dificuldade de dar vazão à avalanche de histórias que caíram nas mãos do editor faz com que mãe de jovem repórter duvide da participação de sua filha no projeto. Pois saiba que ela é fundamental, dona Ednei!
Veja que texto maravilhoso ela escreveu.

Ao participar das oficinas, percebi que o Pro Jovem não é um simples projeto do governo que busca manter os jovens ocupados. O Pro Jovem vai muito além. Como o próprio nome diz, o "pro jovem" ou "pró jovem" captura o jovem para conscientizá-lo sobre sua condição de cidadão, para que ele seja capaz de lutar em defesa dos seus direitos e optar pelo que é melhor para a sua vida. Este projeto prepara o jovem para lidar com o passado, o presente e futuro das pessoas.

Pude notar que o projeto faz o jovem perceber seu papel na sociedade, amplia a visão de comunidade, diagnostica as dificuldades existentes dentro do seu bairro e, acima de tudo, procura estimulá-los a criar soluções para eventuais problemas. Tudo isso usando histórias populares.

O mais interessante é que cada história contada ali parece ser única, mesmo sendo sobre o mesmo tema. O grande diferencial é o desfecho que cada uma dá, ou seja, a maneira como cada um lidou com seu problema.

Desta forma, cada jovem pode ver no outro um fio de esperança ao compartilhar essas situações. Muitos percebem que a vida pode mudar de acordo com a maneira que você reage às dificuldades. Aos poucos, eles vêm se dando conta de que há uma força enorme dentro deles e que, juntos, podem superar toda e qualquer expectativa.

Essa experiência não reflete apenas uma conscientização cidadã. Mas colabora para aprendizagem do indivíduo em sua vida pessoal, por romper barreiras sociais e dar oportunidade de acesso a modos de vida diferentes do seu. O projeto reúne jovens de várias idades, pensamentos e estilos. As classes sociais diferentes e os diversos níveis de instrução são nivelados para que o mesmo objetivo seja atingido.

Para mim, e para muitos naquelas salas de aula, essas oficinas vão muito além de apenas adquirir conhecimento, pois constroem pontes e derrubam barreiras. Projovem = cidadania = novo rumo para o futuro!

Das histórias que ouvi, selecionei algumas de diferentes aspectos. Escolhi as histórias especialmente pelo perfil das pessoas que as contavam.

"Orgulho da minha obra"
Eu tenho muito orgulho da minha casa, mesmo com muita simplicidade aos poucos ela está ficando pronta. Primeiramente, porque ela foi feita com o suor do meu rosto e do meu trabalho. Não estou dizendo que não tive ajuda, mas a maior ajuda que recebi foi de Deus, pois não herdei terreno, mas tive que comprar com o meu trabalho e aos poucos vou fazendo a minha casa, quem sabe um dia ela fique pronta. "Se Deus quiser!"
Ednaldo de Araújo tem 30 anos e é eletricista. Ele procurou o Pro Jovem buscando melhorar seu currículo.

"A tinta que não deu certo"
Bem, a história é da reforma que eu fiz dois dias antes do meu chá de bebê. Eu e minha sogra resolvemos pintar a casa para ficar melhor, aí meu marido comprou a tinta, só que ele disse que era para esperarmos que ele pintaria, mas eu e minha sogra não queríamos esperar, resolvemos nós mesmas pintar a casa. A cozinha ficou ótima! Mas, como queríamos pintar uma das paredes da sala de vermelho, pegamos um monte de corante e misturamos. "Ficou uma coisa doida", mas resolvemos colocar assim mesmo! Quando colocamos a tinta na parede, ficou um rosa choque muito forte, bem diferente do que esperávamos. Mas no fim todos gostaram e o chá de bebê foi um sucesso e muito divertido.
Vanessa Nunes de Freitas, 18 anos, é mãe da Iasmim. Segundo ela, o projeto é o bom porque ela perdeu a timidez. E isso a ajudou muito.

"Uma fita que deu o que falar"
Tudo começou quando o eletricista deu a lista de materiais a serem comprados, e lá estava "ela", a bendita fita isolante. Quando minha mãe foi comprar os materiais, não trouxe a bendita fita. No dia de fazer a instalação, a "bendita fita" não estava. Foi quando começamos a acusar minha mãe, dizendo que ela não tinha comprado a fita, e ela insistia que sim.
Fui obrigado a comprar mais fita, que, bendita, terminou no bolso do eletricista, que disse que a roubara do próprio tio. Por fim, tudo isso aconteceu por uma fita não comprada e até hoje se fala dessa fita. Resumindo, fita isolante R$5,50 no Master Card, zoar a minha mãe até hoje, não tem preço!
Raoni Kodos de Azevedo, 21 anos, já concluiu o ensino médio. Ele quer adquirir mais conhecimento nesse projeto.

"Minha laje"
Tudo começou há nove anos, quando meus pais resolveram colocar laje na sala. Compraram os materiais necessários, chamaram o pessoal e lá foram. Começaram bem cedo num domingo de sol. Estavam todos animados, os homens trabalhando na obra e as mulheres na cozinha.

Tudo corria bem, quando de repente minha mãe olhou para a laje e a viu caindo. Ela correu e chamou meu pai: "A laje vai cair", avisou. Meu pai falou que ela estava vendo coisas, mas por precaução sacudiu os paus que estavam segurando a obra e viu que estava seguro. "Mas eu vi a laje cair!", insistiu minha mãe. Ele continuou dizendo que ela estava delirando.

Eles continuaram empolgados. Meu tio e dois vizinhos estavam em cima da laje quando de repente os paus envergaram e a laje começou a cair lentamente. Meus vizinhos ficaram pendurados e meu tio veio caindo com a laje. Meu pai, que estava embaixo, saiu correndo, mas ainda foi acertado por um tijolo na cabeça.

Foi um desespero só! Corremos para o hospital, mas graças a Deus meu tio só sofreu uns arranhões, meus vizinhos só tomaram um susto e meu pai ficou com um pequeno furo na cabeça, nada demais.

Foi um baita susto para todos, mas não desistimos. Na semana seguinte, conseguimos colocar a laje com segurança.

Nenhum comentário: