quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A madrugada que só vai terminar no domingão

Novo delírio poético de jovem repórter
Por Mariane Dias
Fotos: Cássia Aparecida

CHEGA AÍ, SÓ TEM SANGUE BOM, ENTÃO! PRESTE ATENÇÃO!



É 1h22 da manhã. Preciso ser criativa. Tenho que estar à altura do que foi um grande momento para mim, para muitos.

O tempo todo eu senti vontade de catucar cada vez mais o que Nova Iguaçu tem escondido, mas a preguiça atrapalhou quase tudo. Depois de uma caminhada do centro de Nova Iguaçu até Jardim Tropical, demorô, tô na escola, tô no Pro Jovem.

É o último dia de oficina, mas que precisa ser sentida sem mentira, e mostrar mais força.

No pátio, enquanto o oficineiro Jamaica não chega, a assistente Paula conversa com a galerinha sobre essa etapa, infelizmente encerrada hoje, e como serão as outras etapas do Pro Jovem Trabalhador.

Jamaica já tá na área e com um tom bege de se vestir e sua famosinha touca cor reggae nos transmite a paz e a alegria, como em todos os encontros nunca lhe faltaram. Faltando 10 minutos pras 5 horas, a galera continua chegando, e vestindo branco, sim, a blusa do nosso projeto, Minha Rua Tem História estampadão.

Paula continua passando informações importantes para todos, e sobre o grandioso dia 28 de Setembro, nosso domingão abençoado de gritos de guerras. Me sinto um pouco triste, pois confesso que passou muito rápido. O projeto não pode parar por ai, a cidadania deve continuar sendo estudada em cada escola, em cada dia de curso.

Jamaica entra em campo, ou melhor em roda, e logo pede que todos ali demonstrem que Tropical é líder, uma só equipe, uma só família. Jamaica sorrindo já no centro dessa grande roda, carregada de energia e vontade de vencer. Ele comenta sobre premiados e prêmios, explicando inclusive que quem não comparecer no domingão e for premiado não receberá o prêmio. ''É um jogo, só ganha quem estiver lá'', diz Jamaica. Domingo serão todos Tropical, sem turma A, B, C ou D. Unidos em um só grito.

Atenção é o que ele pede, colados aos surdos, repiques, tamborins e recos-recos para uma grande brincadeira se juntando ao 1 minuto, do poema, da árvore, do funk, insistem em sair dali convictos e com seu grito em mente. Ou em um só funk, ou em uma só árvore, ou em um só poema. E no meio de idéias se encontrarem o churrasco de sábado é alvo de descontração, de muito comentário e expectativa, organização e força pra comemorar. Afinal, Tropical é deles e precisa ser de todos.

Me senti envolvida e contagiada por esse último dia, por essa última oficina, mas muitos momentos de hoje me fizeram rir bastante, e não somente eu, todos por ali. Cássia, uma de nossas jovens repórteres, bastante animada e empolgada como sempre, resolve se arriscar mesmo não participando das oficinas e sim somente observando entra na roda e resolve mandar um grito? uma rima? Não conseguimos identificar, mas importa é que teve coragem e alegria. "Ai Ai Ai Ai, Au Au Au Au - Em cima, embaixo... É TROPICAL"

Divididos surgem as palmas e bastante vontade, senti energia de Maracanã em dia de Fla x Flu, festejando cada idéia como se já tivesse chegado domingo e dessa forma Jamaica acredita que tenha que ser domingo. Sai som, sai tom, e o apito de Jamaica determina tempo esgotado para os gritos feitos serem ali mesmo apresentados e finalmente se concretizar em um único grito. Se juntam novamente.

Nas palmas, gritos, cantorias começam a mostrar sons e até mesmo com ritmo esportivos, orgulho mostrado na cara e na voz. Muitos ritmos, e Ulisses da Turma A, lança o seu som e chamando muito atenção dos colegas, puxando todos e se arrisca até mesmo com dançinhas. Mas no ritmo extravasa Cristiano da Turma C, que entra em campo mostrando seu dom de compositor, e com uma voz mansa e que deixa todos em silêncio, demostra ser bem melhor. Um espírito colorido é o que precisa ser levado ao topo de tudo, com garra e velocidade de ganhar, que Tropical é equipe, depende de querer ganhar e estando ali já são mais que vencedores, diz Jamaica provocando mais um toque de arrepios na galera, que não sabe o que pode encarar ao chegar pro grandioso dia.

A batalha de Jamaica se mistura ao espírito guerreiro da equipe, e no momentozinho estilo despedida, mais uma despedida de mãos juntas, como os jovens repórteres sempre estiveram, como Julio Ludemir, como Marcus Vinicius Faustini, como Maria Antônia, como Lindberg e ainda em roda chama nós, por equipe de reportagem, eu Mariane Dias, Camila, Cássia e Raiane ainda faltando os meninos, Jamaica fala novamente do nosso trabalho, agradece de forma forte e falando também do nosso Brasil, que precisa e vai ser o Pólo dos Escritores.

A cidadania sempre mostrada em todos os encontros e sempre respeitada e com muito aprendizado que me senti orgulhosa de estar ali, de saber que cada um com seu jeito, com sua forma, com seu carater é respeitado, é colado projeto a projeto, e no final de tudo, um só grito, um sorriso por todos, um Jardim Tropical e um só dia de céu escuro cobrindo nosso encontro, uma árvore sempre presente que sempre relembra todas as histórias contadas nos encontros passados, não tem jeito, é unico. São criados, podem não ser concretizados no final de uma pequena disputa de som, para o dia de comemoração.

''Extravasa, Tropical veio aqui pra ganhar
Eu quero ser feliz antes de mas nada (2x)
Dominou geral, invadindo a praça, a nossa galera é massa
Não tem porque chorar
Tropical esculacha''
......

Um dos gritos composto por Cristiano, que mesmo não sendo o grito votado por todos, foi bem animador e precisa ser lembrado. Pra que esconder? Se não viemos pra esconder ! Confesso que eu não queria escrever a história contadas por eles, é particular, me senti livre e solta, e bastante presa ao projeto. É pouco do que ainda podemos ter.



Árvores, obras, sonhos, lembranças, vídeos, MP4s, câmeras, premiações, sons, futuro? Bonito demais, 3.400 jovens, parece até ser pouco em vista de tantas demonstrações, projetos, trabalhos, adultos. Dos desejos grandes se começam por árvores, por obras. Se pensarmos, árvores começam de semente, crescem, com toda calma e muita água. Minha Rua Tem História é da mesma forma. Crescendo, evoluindo do pequeno. Sem fome e sem pressa. Assim como o Jovem Reporter do Bairro Prados Verdes aborda em um de seus textos, já pensou se cada um amasse uma árvore? Felizes seríamos, diz Felipe Garcez, o Pato.

Junte as ''raízes-bairros'', Jardim Tropical, Prados Verdes, Rancho Novo, Vila de Cava, Palhada, Cacuia, Jardim Pernambuco, Rodilândia, enfim, bairros podem ser como raízes, brotadas juntas, imagina o tamanho dessa árvore com uma só raiz? um só fundamento, um só sonho.

E continuemos no próximo capitulo, domingão de muita agitação. Estarei torcendo junto com todos jovens repórteres um dia taxados de vagabundos, hoje comunicadores.

Muitos sons, cartazes, poemas, desenhos, faixas, confetes !!!

Um comentário:

Pé-de-Moleque disse...

NOSSA, CADA DIA VC ME SURPREENDE MAIS,COMO PESSOA E COMO POETA, POIS VC NÃO ESCREVE MEROS TEXTOS DESCRITIVOS, MAS DESCREVE SENTIMENTOS EM FORMA DE POESIA.

pARABENS LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA