Símbolo do projeto Jovem Repórter troca a objetividade dos fatos e faz uma leitura subjetiva do projeto que está mudando a vida da cidade e a dela
Por Flávia Ferreira
Como foi difícil largar minha rotina para “entrar de cabeça” num projeto para mim extremamente complexo. A convivência constante com os outros jovens, alguns velhos conhecidos, outros que se tornaram amizades, despertou o desejo de me entregar, e tornar agradável o convívio nestas quatro semanas.
No inicio foi difícil. Como é complicado se adaptar a novos ambientes, a novos ciclos. Tive de aprender tudo novamente. Foi um difícil período de adaptação.
Assim como tantos jovens que participaram das oficinas, eu não acreditava ter algo que interessasse a alguém, ou a mim mesma. Aprendi muito mais do que imaginava. Lembro das noites em que fiquei lendo histórias e trazendo-as para minha vida, a ponto de me emocionar com alguns casos em especial.
Foram madrugadas e madrugadas, lendo, relendo, digitando, pensando, driblando o sono. A cama quentinha era uma tentação. Ficava “ligada” com goles e mais goles de café, ouvia os passos de minha mãe preocupada, sempre no “meu pé”. No entanto, cada gota deste sacrifício valeu a pena e cada momento em convívio com outros jovens foi de enorme importância para meu aprendizado, um trunfo para meu futuro, na construção de minha cidadania.
Lembro da fala do Faustini e da Maria Antônia que com orgulho defendiam a idéia de um projeto que, para alguns de meus amigos e para mim, era coisa do outro mundo. Mas, pouco depois, percebi o quanto era importante que escrevêssemos nossa história, a real, a que os livros de história não contam, a do nosso povo. A história daqueles que ficaram à margem da história, dos esquecidos da versão oficial. As lembranças daquele que acorda com o canto do galo para pegar o ramal Japeri todos os dias no mesmo horário, levando carinhosamente sua “quentinha”.
Essas histórias foram enfim contadas e fico feliz por ter participado e me emocionado, pois existem coisas que vocês jamais saberão como é, pois nem mil caracteres e nem as ondas de minha voz descreverão. Minha emoção é maior do que meu bairro, é maior que minha cidade, meu coração é o meu país. Somente os que viveram esta experiência sabem e sentem como a história da cidade é criada no papel de barro ou piche e com canetas de borracha ou até na própria pele. Por todos aqueles que de fato, ajudam a construir um Brasil melhor e mais justo.
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