quinta-feira, 4 de setembro de 2008

As árvores não morrem

Delírio poético de jovem repórter depois de participar
do Minha Rua Tem História no Jardim Tropical

Por Mariane Dias

Jovens que têm oportunidades, que andaram na lama, que se divertiram na sua infância com uma árvore do teu quintalzinho, da tua rua ou até mesmo daquele terreninho largado em frente tua casa.

Aposto que ninguém teve essa idéia. Pro Jovem? Formação cidadã falando de árvores? Sim, memórias de bairros, memórias vividas e que precisam ser contadas, e vividsa novamente mas de uma forma molezinha, 2 dias da semana só, com outros jovens que também têm suas histórias pra contar, e estão ali com vontade de aprender, cursos profinalizantes mas nada melhor do que uma formação de cidadania pra começar e deixar o final bem mais leve e descontraído.

Confesso que eu, Mariane Dias, hoje com 16 anos, nunca me imaginei tá dentro desse lance todo que pode crer tem muitos que tão cagando e andando, acha bobo. Mas da bobeira que se começa o fundo da sinceridade, e da verdade, de um começo idiota pra muitos e aproveitáveis também pra muitos. Qual o jovem que nunca foi taxado de vagabundo?

Mas graças a Deus, e também a muitos que dedicam seus dias a um projeto, que é projeto do futuro, de curriculos bonitos e concretos, de pessoas comunicativas, de uniformes em seus corpos, e cansaço e no fundo a felicidade no final do dia de cada um de nós. Eu que nunca imaginei de umas oficinas de fotografia, contatos, novas amizades, to por ai. Muito taxada de ''preguiçosa'' - né, Júlio? né, Nike? né, Fat?

Mas nada melhor do que você andar do centro de Nova Iguaçu até o bairro Jardim Tropical pensando no caminho: "oficina? entrevistar? eu, que sempre fui amarradona e sou em fotografia, vou entrevistar quem? o porquê disso? pra quê? não tenho jeito pra isso, mas tu ainda carrega aquele teu amigo que tá la à toa e que mesmo pertencendo a outro bairro me acompanhou, né, Léo?

Mas tu chega no portão do coleginho E.M.Emanoel João Gonçalves - no Monte Libano - e depara com um rodinha debaixo de uma árvore, e alguns mosquitinhas pra pertubar e naquele calorzinho. A aflição bateu, e o que falar? "Bem, sou Mariane, jovem repórter, e vim aqui pra acompanhar vocês hoje." E rola uma certa energia positiva, me senti bem e achei as pessoas bem empolgadas com aquilo, jovens de 18 a 25 anos ali, tinham ao menos uns 8 naquela rodinha, e um carinha meio rastafári, com uma blusa roxa e uma bermuda verde e óculos de armação roxa também, bastante louco, e que me enganou a todos que estavam ali. Pensei que era um dos jovens que iria participar do projeto, mas não era, não.

Imagine só, era o oficineiro. Ô, sim. Renato Jamaica, bastante descontraído e comunicativo e que me fez se sentir bem mais solta naquele encontro. Rolou até pãozinho com mortadela e pepsi pra começarmos bem alimentados. E depois? 24 jovens ali, de 8 que vi quando cheguei. Me senti empolgada, mas queria mesmo os 50, a turma completinha.

Mas ali eles começam, e com uma paz, de mãos dadas dão início. As dinâmicas rolam, que até mesmo me destraíram, e me deram vontade de participar, e fiquei por ali sentada na mesa do professor, e Léo registrando os momentos com fotos. E os sorrisos eram soltos demais, pareciam que todos se conheciam. Apresentações, uma descontração que foi até sete e meia da noite. Geral abertão, plugados ali naquele momento.

Me deu até empolgação pra ir andando até o Caioba para pegar ônibus e vir pra casa, e lógico com uma parada do açaí. Pensei o tempo todo, preciso ver o Júlio, preciso contar isso - Acredito que todos ali também acreditam que de uma sala de aula cedida, um chão limpo e uma bola para dinâmicas, um bom papo, na moral? Jovem tá indo longe demais, e com uma bolsazinha de 100 reais pra ajudar naquele showzinho do final de semana, e naquele passeiozinho, naquela roupa nova que tu tava namorando.

E se sentir com iniciativa, e acreditando acima de tudo em si mesmo. Em pensar em nada, esquecer isso tenho certeza que não esqueçaram, pois não esqueçeram na hora de contar as caídas das arvores, as roupas sujas de roxo de jabuticaba, os cachos de coco que podiam provocar acidentes mas chegaram a ser alegria de um dos jovens, Márcio José, hoje com 2 filhos.

Ai ai, sinto uma enorme vontade de no final de tudo, ou talvez no começo de tudo muito do que podemos criar e sugar as experiências e oportunidades do futuro, com um livro. Acho até que o nome poderia ser, ''Árvores plantadas, queimadas mas nunca mortas'', pois muitas das árvores que um dia você cansou de subir e sentir a criança mais feliz do mundo, pode ter sido queimada, mas nunca morta, porque tá na tua memória.

Quem sabe, né? Eu, escritora? rsrs . Com umas fotos de árvores, né? Mas precisamos subir mais um pouco, sempre querendo aumentar o topo, e chegar até ele. E mais histórias estão vindo, mais caminhos a serem trilhados e muitos jovens realizados.

2 comentários:

Anônimo disse...

help me.

Anônimo disse...

Adorei seu texto, a fluidez, a forma de contar e a emoção que foi crescendo em você ao longo da sua experiência e que senti ao ler seu texto. Sempre quis ser escritor, dos 12 aos 16 anos, e vocês jovens repórteres estão me deixando louco! Adorei!!! É disto que precisamos, nossos jovens escrevendo deste jeito! O livro vai sair, sim. E teremos ainda mais orgulho! Beijos, Lindberg Farias