quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pernambuco apresenta suas armas

Jovens querem resgatar memória coletiva da Caravana ESPN e cinema popular.
Por Flávia Ferreira


Era uma quarta-feira chuvosa e muito fria quando os 67 jovens chegaram à oficina de Jardim Pernambuco. Simone de Jesus explicou algumas tarefas do projeto e, dentre elas, estava a criação de um projeto de memória coletiva da turma. A notícia deixou os jovens confusos, sem saber ao certo o que fazer. Como o processo de criação teria que ser bem dinâmico, a assistente separou-os em grupos. Como as turmas são grandes, essa tática funcionou bem.

O primeiro tempo foi meio confuso para as duas turmas. Os alunos quebravam a cabeça para tentar entender o funcionamento do tal projeto que teriam que fazer. Existia, na turma C, alunos um pouco mais entusiasmado que os outros, o que por vezes atrapalhou o raciocínio dos demais. Um deles era o inquieto Emiliano, que levantava a todo
momento como se tivesse formigas na carteira.

Contrastando com ele, os outros alunos estavam compenetrados em sua missão de criar um projeto para apresentar dia 28, na Vila Olímpica de Nova Iguaçu. Eles escreviam quase que incansavelmente, a fim de terminar e não estourar seu horário.

Os seis grupos em que os jovens foram divididos conceberam projetos não muito diferentes para a pesquisa a ser feita dentro de Jardim Pernambuco, com o auxílio de um MP4. A campeã de votos, no entanto, foi o projeto "Caravana Esporte e Música Nova Iguaçu". "Achamos importante resgatar a memória da comunidade sobre a caravana da ESPN e quem sabe recriá-lo, caso consigamos alguma ajuda financeira", disse Monique de Mello, a porta-voz do grupo.

A Turma C também votou no resgate da memória do Inferninho, local que misturava Funk, morte e diversão. Também se cogitou a possibilidade de se fazer entrevistas com os remanescentes do tráfico de drogas, exterminado desde que a milícia assumiu o controle do bairro. Falaram também do Hospital de Pernambuco e seus beneficios para a comunidade.

Com o tempo já estourado em quase 30 minutos, Simone libera os alunos e recebe a outra turma. O segundo tempo das oficinas corre quase que no mesmo ritmo da anterior, só que com o diferencial de escolher o defensor da idéia. Como já era esperado, o eleito, por unanimidade, foi Cleiton. "Acho legal defender esse projeto e temos tudo para ganhar", disse ele. Ele acredita que, por ser um projeto prático e de
baixo custo, será fácil viabilizá-lo.

Cleiton defenderá um projeto de cinema popular. Ele engloba a criação de curtas-metragens e a exibição destes para a comunidade. "A ideia é tornar possível qualquer pessoa ir ao cinema", disse Arlete Severo.

Inicialmente algumas pessoas não queriam que fosse este projeto, mas após alguns esclarecimentos de como funcionaria, foi quase impossível fazê-lo perder. Conquistou 22 votos em cima dos outros projetos, tais como de criar centros esportivos em conjunto com a comunidade, centros culturais e agência de empregos.

Até chegar a esse veredito, os alunos da turma D queimaram até o
último fio de cabelo. No entanto, o trabalho da segunda oficina foi bem menos caótico do que o da primeira. A dedicação e seriedade com que discutiram os projetos os levaram a estourar o horário em 44 minutos. Quando saíram, deram de cara para uma noite gelada.

A partir de hoje, o oficineiro Silvano Rodrigues avaliará os projetos escolhidos por cada uma das turmas. O oficineiro escolherá apenas um bairro para defender as cores de Jardim Pernambuco na grande final do dia 28 de setembro. Cada participante da turma que ganhar o desafio da Vila Olímpica ficará com um MP4.

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