sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Histórias pra toda obra

Turmas A e B do Rancho Novo estavam dispersas, mas histórias encantaram

O oficineiro Tiago Costa foi o primeiro a reconhecer que o fato de ter dado atenção individual a cada um dos 33 jovens que levaram suas histórias de obras para as oficinas de ontem à noite em Rancho Novo terminaram comprometendo o desempenho das turmas que ele comanda. "Eles hoje estavam dispersivos", admite Tiago Costa. Ele atribui a falta de vibração e mesmo de companheirismo dos 66 jovens presentes nas duas oficinas à máquina digital usada para registrar os relatos que seus comandados trouxeram de casa. "Com isso, eu saí do centro da roda e perdi o controle da turma", diz ele, que vai mudar a estratégia na noite de hoje.
Apesar disso, ele considerou satisfatório o balanço da noite, em que 50 % dos jovens executaram as tarefas formuladas por Marcus Vinícius Faustini, secretário municipal de Cultura e Turismo e mentor da gincana social "Minha rua tem história", na formação dos assistentes e oficineiros do último sábado. Além de terem levado a história e um objeto que remetesse à obra, houve pelo menos quatro histórias dignas de entrar no documentário sobre o bairro, que será produzido na próxima semana pelo próprio Marcus Vinícius Faustini.
Se beber, não faça obra
Uma das histórias que Tiago Costa sugeriu para o documentário é a de Daniele Jesus , que, além de ter feito os dois pontos na gincana por ter feito o seu relato e levado o objeto, ela acrescentou um irresistível elemento de humor. A história que encantou Tiago Costa e conseguiu manter a atenção dos jovens presentes na primeira oficina da noite teve como ponto de partida o excessivo amor de seu marido à cerveja, que ela levou, geladinha, como o objeto que remete á obra. Foi por causa dessas cervejas que a obra na casa, que executou com os próprios braços por não ter dinheiro para os pedreiros, só não ganhou a categoria de interminável por causa da disposição de Daniele. "Era eu quem limpava o canteiro de obras", disse ela.
O álcool também esteve presente na história contada por Lidiane Caetano de Souza, que no primeiro dia de 2007 viu a irmã se estressar com o pai porque ele abandonou as sete mulheres convidadas para a cozinha e os 17 homens que a ajudariam na viração de laje em cima da casa da sogra da filha. "Meu pai foi comprar dois sacos de cimento e parou no botequim para tomar umas e outras, não voltando mais", disse Lidiane. Desesperada ao ver os convidados debandando para aproveitar o feriado de ano-novo, a irmã pegou uma bicicleta às duas horas da tarde e foi procurá-lo pelo bairro. O pileque do pai, além atrasar os trabalhos, deixou todos desesperados de fome. "Minha irmã só serviu a feijoada às sete da noite."
Muros de Nova Iguaçu
A segunda turma apresentou um volume de histórias consideravelmente melhor – 20 contra as 13 da primeira. O próprio grupo se encarregou de consagrar a história de Marcos Paulo da Silva Monteiro, que ele chamou de "A obra do sinal verde". A casa de sua família, no vizinho bairro de Caioba,, foi a primeira a ser construída na rua, mas, para sua vergonha, ficou sem muro até o pai conseguir um emprego que de ma só tacada capitalizou-o para a construção do muro e a compra de um carro para a esposa. Contada oralmente e com apoio de fotos tiradas com o celular, a história do muro de 10 metros, que levou dois meses para ser construído, ganhou ares tragicômicos por causa da dificuldade de estacionar da mão de Daniel. "Ela não acertava o portão de casa", contou Daniel. "Teve um dia que ela acertou a coluna do muro e derrubou para desespero do meu pai."
No dia seguinte, o pai de Daniel foi reparar os estragos causados pela esposa enquanto o jovem assistia televisão na sala, refrescado pelas ruidosas hélices do ventilador. "De repente eu ouvi um grito feminino na frente da minha casa", lembrou. Assustado, ele correu para o portão e viu o carro da mãe batido no muro que o pai estava reerguendo. "Desde esse dia, meu pai decretou que o carro da minha mãe só entrava na garagem empurrado."
Promoção
Outro muro recém-construído que tombou foi o de Gabriele Ribeiro, dessa vez por causa de um vizinho ao qual o pai foi pedir satisfação por ter passado uma cantada em sua esposa. "Acuado pelo meu pai contra o muro, o vizinho meteu o pé na obra para fugir", disse Gabriele, que nunca viu a sala de casa tão perto da rua. O humor presente nas histórias de Daniel e Gabriele também marcou o relato de Jéssica Lourenço de Souza, que caiu na sala da casa com a irmã ao tentar pegar um sol no telhado de casa, cujas telhas eram de amianto. "Eu só me arranhei, mas a minha quebrou um braço", disse Jéssica, que levou um pedaço de telha. Também foi com um largo sorriso que Leonice de Oliveira Neves Campos lembrou a obra não acabada do banheiro porque sua mãe, contrariando ordens expressas do pai, tentou aproveitar uma promoção de azulejos na loja de material de construção da vizinhança. "O dinheiro só deu para comprar uma parte dos azulejos", disse ela, que levou um pedaço do azulejo. "Quando ela teve dinheiro para comprar o restante, não encontrou mais aquele tipo de azulejo.” Leonice está no Pro Jovem para se qualificar para um emprego de carteira assinada, que lhe dê o dinheiro suficiente para concluir a obra do banheiro.

10 comentários:

Anônimo disse...

Muito boa a história...
De duas uma... Ou o pai planta grama em toda a frente da casa e esquece do muro, almentando para a largura do lote a entrada do veículo sem direção da mãe ou o mais seguro seria ela optar por uma bicicleta.

Anônimo disse...

Muito boa a história...
De duas uma... Ou o pai planta grama em toda a frente da casa e esquece do muro, almentando para a largura do lote a entrada do veículo sem direção da mãe ou o mais seguro seria ela optar por uma bicicleta.

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Gabriela Ribeiro disse...

ADOREI SABER QUE A MINHA HISTÓRIA FOI POSTADA NO BLOG.
BEIJOS!!!!

Anônimo disse...

to triste minha história não entrou pro blog , poxa vida tiago

Anônimo disse...

to triste minha história não entrou pro blog , poxa vida tiago