domingo, 7 de setembro de 2008

Ecos da escravidão

Ocorrem muitos acidentes próximos a árvore
em que negros eram açoitados durante a escravidão
Por Lucas Lima

O projeto “Minha rua tem história” tem o objetivo de resgatar e contar as memórias das ruas de Nova Iguaçu. E para que essas histórias sejam contadas, são realizadas oficinas de memória em 17 bairros da cidade. O tema que predominou na semana passada foi o das árvores. Não podia ser diferente nas oficinas de Jardim Alvorada da última sexta-feira.

Muitas histórias engraçadas e curiosas foram narradas, e dentre elas a mais polêmica foi também a mais interessante e a que chamou mais atenção. Essa história foi narrada através da memória da “Árvore Assassina” ou “Árvore da Morte”, assim conhecida pelos moradores do bairro. Era nessa árvore que os escravos eram presos e açoitados durante os anos negros da escravidão. As marcas existentes nela teriam sido provocadas, segundo os moradores do bairro, pelos chicotes dos capatazes.

O nome da árvore se deve aos inúmeros atropelamentos e acidentes ocorridos em frente ou próximos a ela. “O primo do meu namorado sofreu um acidente em frente a essa árvore e ficou entre a vida e a morte”, exemplificou Ana Paula Teixeira. “Ele foi atropelado por um ônibus e até hoje ainda tem cicatrizes no corpo e no rosto.”

Segundo a lenda, à noite é possível se ouvir os cantos, os choros, os gritos e os murmúrios dos escravos. É como se eles estivessem rondando por aquele lugar.

O jovem Maxwell da Silva tem sua própria experiência com a árvore. Foi numa tarde de sexta-feira, quando foi comprar carne para um churrasco que sua família estava fazendo na casa de um tio. “Fui atropelado em frente à árvore”, contou ele, estava voltando na sua bicicleta. “Minha carne caiu, o carro passou por cima, a motorista me xingou e eu fui ajudado pelo porteiro do condomínio.”

A árvore fica na Estrada de Madureira, em frente ao condomínio Beija-Flor. Assassina ou não, a árvore é uma das várias lendas do bairro e com certeza muita gente já passou por ela para saber se realmente é possível ouvir as vozes dos escravos.

Um comentário:

Taiza Ramos Ferreira disse...

Essas histórias foram contadas pelas turma do Jardim Alvorada não Jardim Tropical e são verídicas.