Por Flávia Ferreira
Aqueles que pensam que homem não chora mudariam completamente de opinião se presenciassem o último dia das oficinas do Jardim Pernambuco. Surpreendendo a galera, o oficineiro Silvano Rodrigues da Costa se desmanchou em lágrimas ao lembrar que a primeira gincana social brasileira estava chegando ao fim. "A cada dia eu me emocionava mais com essas turmas", disse ele, fisioterapeuta por formação. "Hoje é o último dia de encontro aqui na escola, mas já bate uma saudade e um aperto no coração." Mesmo sabendo que o projeto vai continuar, ele duvida que as novas turmas possam surpreendê-lo tanto. Em uma das oficinas de formação chegou a declarar que nascera para fazer esse trabalho.
Na hora em que a confraternização das turmas teve inicio, a brincadeira começou, mas só até Silvano começar a falar do tempo que passou com os jovens. “Quase fui parar no bairro da Cobrex, mas pelas cismas do destino acabei vindo para um bairro que não conhecia. À medida que as oficinas foram acontecendo, ele notou que aquele lugar frio, escuro e aparentemente hostil seria o seu cantinho de descobertas . "Eu não esperava encontrar jovens tão atentos e dispostos a mudar sua história, ou melhor, jovens que sentem orgulho de suas histórias. Minha visão de mundo se modificou", disse um emocionado Silvano.
Silvano se surpreendeu com o modo como foi recebido, mas o que ele não esperava mesmo era encontrar jovens tão ligados às raízes familiares do bairro e atentos a tudo que estava acontecendo. "Eu não esperava encontrar o que encontrei aqui, me surpreendi a cada dia", disse, com a voz embargada.
Silvano fez questão de abraçar um por um ao longo da festa de despedida, para a qual os jovens levaram refrigerantes e salgadinhos. Mais uma vez não conteve a emoção e se debulhou em lágrimas. "Uma família se separa, mas os laços que se formaram no convívio do pequeno espaço escolar e que muitos não imaginavam que seria assim, ficarão para sempre", disse ele.
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