segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A riqueza do Cacuia

Cacuia mostrou que não se mede riqueza de um bairro pelo seu comércio, mas por seu morador
Por Pedro Henrique C. Gomes


No último domingo (28/set /2008), cerca de 1.500 jovens se reuniram em nova Iguaçu para a celebração do ultimo dia da primeira edição do projeto "Minha rua tem história".

O ginásio da Vila Olímpica de Nova Iguaçu ficou pequeno diante de tanto entusiasmo. Parecia que o timbre das vozes fazia tudo tremer – por vezes, cheguei a pensar que o teto ia desabar sobre nossas cabeças; ainda bem que foi só impressão.


A animação era geral e todos pareciam querer demonstrar que estavam ali, não só para marcar presença e, sim, pra fazer A presença. Estavam ali para demonstrar que a voz e a vontade da juventude tem força e que essa força não e só um mito, como muitos tentam fazer acreditar

Vários bairros de Nova Iguaçu se faziam ali representar, tais como a Cobrex, o Jardim Nova Era e Rodilândia, entre outros. Mas, nesse dia, minha proximidade era com os representantes do Cacuia. O Cacuia (que na verdade era composto por Cacuia e Tinguazinho.) começou retraído, talvez devido à ausência dos muitos jovens que chegaram atrasados por causa das fortes chuvas que caíram na cidade e do engarrafamento provocado pela Parada Gay. Após um tempo, todos os integrantes das turmas A, B, C e D do Cacuia estavam presentes. Aí, sim, a festa foi geral.


Durante a festa, pude observar os participantes, suas reações, suas angústias, alegrias e tristezas. As angústias com a espera dos resultados. As alegrias das conquistas. E a tristezas de não terem tido o projeto selecionado. Mas, no geral, todos tinham a certeza de que todos ali presentes eram vencedores pelo simples fato de estarem ali fazendo parte da construção da história de Nova Iguaçu.

Melhor redação foi do Cacuia

Bem! Não teve pra ninguém. A máquina fotográfica foi para o Cacuia. A premiação para a melhor composição de sete linhas na qual deveria ter, obrigatoriamente, as palavras nova Iguaçu e Mp4 foi para as mãos de Gabriela, uma moradora de 18 anos do Tinguazinho. Pude entrevistá-la ainda sob o impacto da premiação. Gabriela estava visivelmente emocionada.


- Você esperava ganhar o prêmio de melhor composição? - perguntei.


- Eu não esperava - disse ela. - Tem tanta gente que escreve bem, que eu não achava que a minha ia aparecer. Mas eu esperava que viesse para a Turma C do Cacuia.

- Como você se sentiu ao ir lá na frente receber a maquina fotográfica?

- Foi muito importante para mim. Foi demais.

- Tem planos para a máquina?

- Tirar fotos dos meus colegas. Porque todos eles fizeram parte e eu quero mostrar que todos eles estiveram comigo .

- Além da câmera digital, você ganhou alguma coisa a mais do projeto?

- Todo mundo fala que o Cacuia é morro, e pobre e não tem nada. Não se mede riqueza por casas de shows, pizzarias e cinemas. Um bairro tem muito mais que o comércio. Os moradores do Cacuia valem muito mais que isso.

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