terça-feira, 23 de setembro de 2008

Minha rua tem projetos

Jovens dedicaram a última semana a elaborar os projetos que definirão os vencedores do "Minha rua tem história".

Como já havia ocorrido nas etapas anteriores da gincana social "Minha rua tem história", o processo de formação dos oficineiros e assistentes do projeto serviu para mostrar os acertos da metologia criada pelo cineasta Marcus Vinícius Faustini. Dessa vez, eles trouxeram o resultado dos projetos socioculturais desenvolvidos por cada uma das turmas espalhadas pelos 17 bairros de Nova Iguaçu em que o projeto foi implantado. "A comissão julgadora vai ter dificuldade para escolher um projeto", disse o secretário municipal de Cultura e Turismo depois de ouvir, na manhã do último sábado, a exposição de todos os projetos criados pelos participantes do Pro Jovem. Para Faustini, a eficácia do "Minha rua tem história" só poderia ser dimensionada se no final dessa aventura que está mobilizando 3.400 jovens, eles fossem capazes de elaborar seus próprios projetos.

Houve projetos para todos os gostos, mas um observador mais atento não teria dificuldade de identificar o desejo dos jovens de usarem os projetos para melhorar a auto-estima da comunidade. Em Luiz de Lemos, por exemplo, a Turma A vai visitar as favelas do bairro e entrevistar os freqüentadores de projetos educacionais, culturais e esportivos para mostrar que não há apenas drogados e marginais na comunidade. Em Jardim Tropical, a Turma C também pretende resgatar o que há de bom em matéria de esporte e lazer em um bairro cujo problema de auto-estima começa na própria dificuldade de delimitar uma área para si, como o pesoal da Turma A detectou no projeto que desenvolveu. O projeto da Turma B de Prados Verdes, com o sugestivo título de "Somos mais do que vocês pensam", tem a intenção de mostrar que o bairro mais distante do centro de Nova Iguaçu não está restrito à guerra de facções do tráfico de drogas. A descoberta de talentos proposta pela Turma A de Cabuçu também visa a aumentar a auto-estima dos moradores.

Os jovens do "Minha rua tem história" também se propõem a fazer um diagnóstico da saúde, talvéz a única área em que o governo atual não conseguiu produzir mudanças significativas em Nova Iguaçu. Além da gritante preocupação com os deficientes físicos, presente nas Turmas D de Luiz de Lemos e Palhada, diversas turmas elaboraram projetos de pesquisa cujo objetivo era auscultar a opinião dos freqüentadores dos postos de saúde do bairro. Esses foram os casos da Turma C do Bairro da Luz, da Turma A da Palhada, da Turma B de Jardim Guandu e da Turma A de Prados Verdes. Alguns projetos também vão investigar as vítimas da dengue na última epidemia, que afetou sobremaneira o Bairro da Luz. Os recorrentes casos de dislexia de Rodilândia preocupam os jovens da Turma C, que, se saírem vencedores, doarão os MP4s para as crianças portadoras dessa doença.

A questão ambiental foi lembrada de diversas formas, a começar pelas enchentes recorrentes na Prata, na maioria das vezes provocada pelos moradores de áreas ribeirinhas que entopem os valões com o lixo. Na Cobrex, os jovens da Turma D resolveram criar o Reciclato, onde o artesanato com garrafas pet salvariam os rios de Nova Iguaçu e renderiam uns trocados para as mulheres de baixa renda. A Turma D de Jardim Guandu detectou uma pervesa ligação entre o lixo, o valão e o posto de saúde a serem tematizados no jornal que pretendem públicar.

Além de críticos, os participantes estão dando aulas de solidariedade. Em Vila de Cava, a Turma A vai distribuir os alimentos arrecadados durante evento musical para as crianças do CECOM, uma creche do bairro. Ainda em Vila de Cava, a Turma C criará a Trupe da Alegria para visitar orfanatos e gravar o som das crianças abandonadas à própria sorte. Já em Rancho Novo, os jovens da Turma A têm o objetivo de gravar entrevistas com as crianças e adolescentes do CRIAM, tratados pela comunidade com o mesmo preconceito dedicado aos deficientes físicos atendidos no bairro, tema do projeto da Turma B. A Turma A de Jardim Nova Era concebeu um show com os talentos do bairro para atrair pessoas para uma grande ação social. A Turma B da Prata usará os MP4s para entrevistar os menores de rua que proliferam no bairro. Também se pode catalogar no campo da sensibilidade social a preocupação demonstrada pela Turma D do Bairro da Luz com os jovens ociosos e pela Turma D de Cabuçu com a linhagem de grávidas adolescentes, elas próprias filhas de grávidas adolescentes.

Houve ainda projetos dedicados à questão negra (Turma D de Prados Verdes), às deterioradas áreas de lazer da cidade (Turma D de Jardim Palmares e Turma C de Cabuçu), ao trabalho informal (Turma B de Rodilândia e Turma B de Cobrex). Os jovens da gincana social também estão atentos para a questão cultural, demonstradas em diversos projetos para descoberta de talentos e ao resgate de manifestações culturais típicas do bairro.

Um comentário:

Wanderleya disse...

É o caso de Jardim Alvorada.
O resgate das questões culturais estão a flor da pele da galera, que descobriu o que tem de bom na memória do bairro e quer resgatar isso. Os jovens de um modo geral, estão sentindo o quento são importantes para seus bairros e sua cidade.