árvores da rua
A hora é essa! Chegou o momento mais aguardado da semana. É hora de conhecer as primeiras histórias surgidas nas oficinas do projeto cultural “Minha Rua Tem História”. No bairro Rancho Novo, os jovens trouxeram histórias carregadas de dramaturgia, algumas dignas de novela mexicana. Na oficina do dia 2, terça-feira, os jovens chegaram cheios de curiosidade para a atividade. Sentados no chão, eles formaram um círculo para que todos pudessem ser vistos e ouvidos pela turma.
“Gente! Só para descontrair, como foi o fim de semana de vocês?”, perguntou Tiago Costa, oficineiro do projeto “Minha Rua Tem História”, na Escola Municipal Osires Neves. A pergunta de Tiago foi a deixa para que o zum-zum-zum tomasse conta da sala, quebrando também aquela tensão silenciosa.
Todos puderam falar um pouco sobre o que fizeram no fim de semana, inclusive Vânia Cristina, que revelou ter comido muito bolo de aniversário. “Festa de pobre você sabe como é, né? Tem bolo pra tudo quanto é lado”, brincou ela, arrancando gargalhadas de todos que estavam na sala.
Com o grupo descontraído, Tiago Costa perguntou aos jovens se eles haviam cumprido a tarefa passada na última semana: trazer uma história sobre alguma árvore famosa que esteja plantada em um das ruas incluídas no projeto “Minha Rua Tem História”. Enquanto os alunos respondiam que sim, nosso oficineiro pegou uma folha de papel pardo que estava em sua mesa e disse:
- Essa folha é para vocês escreverem todas as histórias de hoje.
- Como? - perguntou um dos alunos.
- Não sei. Se virem! – retrucou Tiago, em tom de brincadeira.
O oficineiro adotou uma postura anarquista em relação aos jovens, colocando professor e aluno no mesmo nível. Isso fez com que com que os jovens se expressassem com naturalidade e desinibição.
Joice Matias sempre leva sua filha, Caroline, para as oficinas. Ela teve uma ótima idéia de como usar a tal folha de papel pardo para escrever as histórias. A jovem pediu para que sua filhinha deitasse sobre o papel e, com um lápis, fez o contorno do corpo da menina. “Pronto, gente! Agora é só escrever as histórias nas partes do corpo humano.”
Daniele Braga adorou a idéia e saiu na frente para contar a sua história. Segundo ela, sua irmã, quando criança, tinha mania de se esconder dos pais entre as folhas de uma mangueira plantada em seu quintal. Daniele revelou que seus pais chegaram a passar um dia inteiro procurando pela filha levada. “Ela subia de dia e só descia quando ia anoitecendo”, disse.
Ao terminar a história, nosso oficineiro perguntou qual título ela mereceria. Daniele pensou um pouco e disse: “Sem-vergonhice”. E, assim, a jovem escreveu o título da sua história no braço do corpo desenhado na folha de papel pardo.
Ela só pensa em beijar
O momento caliente da oficina ficou por conta de Renata Silva. A jovem, muito envergonhada, arrancou suspiros ao revelar que seu primeiro beijo foi dado atrás de uma árvore. “Eu era pequena, estava brincando de pique esconde com meus amigos. Teve uma hora que um menininho que eu estava de olho se escondeu junto comigo, atrás da tal árvore. Aí, eu fui e pedi um beijo. Ele veio e me deu. Morri de medo, pensei que ele não fosse querer”. A história romanceada e com final feliz contada por Renata agradou muito as meninas.
Na história de Helen, 22 anos, a árvore aparece somente como pano de fundo para uma história cômica, típica do cinema hollywoodiano. Uma criança gorducha que se envolve em várias trapalhadas pode até parecer roteiro de filme, no entanto essa cena faz parte da história de Helen.
- Eu era uma criança obesa. Tinha dificuldades para subir em árvores, mas nem por isso deixava as coitadas em paz. No meu quintal tinham três frondosas mangueiras e, numa delas, havia uma casa de marimbondo. Como sempre fui curiosa, fui lá cutucar a casa para ela cair. Em vez da casinha do marimbondo cair, o que caiu foi uma lagarta que estava em cima. A lagarta caiu nas minhas costas.
- Ao sentir a queimação provocada pela lagarta - continuou ela -, saí correndo e gritando. Para piorar, no meu quintal havia um ganso que corria atrás da gente. Fugindo, passei a mão numa pedra para tacar no ganso chato, que estava infestada de formigas. Na tentativa de me livrar da pedra e das formigas, lancei a pedra longe. Acabei acertando o ganso.
Ligada em tudo, a jovem-repórter Aline Maciel não perdeu um só detalhe das histórias contadas. Segundo ela, a história que mais chamou a sua atenção foi a contada pela jovem Priscila. “Ela disse que tomava conta do seu irmão mais novo enquanto seus pais não estavam em casa. Enquanto estudava História, falou sobre Tiradentes para seu irmãozinho. A jovem explicou que Tiradentes havia morrido enforcado em uma corda. Depois disso, a menina voltou a estudar e nem sentiu falta de seu irmão.
Querendo dar uma de "Tiradentes", o irmão de Priscila pegou uns tijolos, empilhou, amarrou uma corda na árvore que fica em seu quintal e tentou pôr a corda no pescoço. Por sorte, os tijolos acabaram caindo enquanto ele colocava a corda”, reporta Aline.
4 comentários:
criar histórias é uma forma de nos recriarmos a nossa maneira. De forma real e concreta.
Esse programa MINHA RUA TEM HISTÓRIA, tem sido muito surpreendente.Não só para os alunos,mas,para os professores também.Ouvimos histórias que nos fazem rir,se emocionar,pensar e até valorizar mais o meio ambiente.Tem sido muito bacana!!!Estou adorando!!!
Beijos!!!
ADOREI conhecer e rever amigos de outros bairros.Foi super legal a preogramação de sábado na Vila Olímpica.
Beijos!!!!
Gaby
que falta de sorte,ainda foi mexer onde não devia se deu mal.
ana paula da silva d. al. cabuçu
turma c
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