terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vivendo e apreendendo

Jovens repórteres de bairros diferentes assumem clima da Vila Olímpica e assinam texto sobre a festa do último domingo
Por Aline Maciel e Camila de Oliveira

Gravatas coloridas, anteninhas, perucas, chapéus, óculos engraçados, máscaras, fantasias e muito barulho. Esse foi o jeito de a galera do Pro Jovem mostrar a que veio.

Valia de tudo para fazer desse encerramento da primeira etapa do projeto na Vila Olímpica nesse domingão chuvoso um evento maravilhoso.

Quem não tinha instrumento, deu um “jeitinho brasileiro” e improvisou com apitos, panelas e colheres de pau mesmo - o negócio era fazer barulho de alguma forma. Nem a chuva conseguiu atrapalhar a alegria da rapaziada.

Iam chegando jovens de tudo quanto é bairro de Nova Iguaçu relacionado ao projeto. A maioria já chegou dizendo ao que veio, disposta a fazer a festa. Os que chegaram meio desanimados não demoraram para serem picados pelo “bichinho da animação”. Enfim... Todos tinham o mesmo intuito: defender sua equipe, seu bairro, se confraternizar com os amigos que fizeram durante as oficinas ou com aqueles que acabaram de fazer. Todos queriam sair dali com a sensação de dever cumprido.

Formigueiro
A quadra da Vila Olímpica, um pouco antes do horário marcado, estava vazia, mas quando começou a chegar perto das 16h a galera lotou aquele espaço que antes era só um vazio e que agora estava parecendo um verdadeiro formigueiro.

Foi uma grande festa, bonita de se ver. A rapaziada veio cheia de gás, com seus apetrechos coloridos, faixas, cartazes, pompons, papéis picados, pra fazer a Vila tremer. E eles realmente conseguiram o que pretendiam, principalmente quando o pessoal do Tropical, puxado pelo oficineiro Jamaica, começou a tocar seus instrumentos de percussão. Eles levantaram até a galera que estava na arquibancada. Estávamos nos sentindo como se estivéssemos na Bahia, ouvindo o Olodum tocar.

Foi muito legal! Quem estava nas arquibancadas podia notar perfeitamente a alegria e a empolgação da meninada, dos oficineiros, dos assistentes e de todos que de alguma forma estiveram envolvidos com esse projeto e estavam vendo naquele momento os frutos da confiança que depositaram nesses jovens. E não era pra menos, né?!

Houve muito trabalho e empenho tanto dos oficineiros quanto de cada jovem presente, para fazerem esse projeto dar certo, mesmo que muitas pessoas dissessem que não daria.

Aqueles jovens que se encontravam ali vieram mostrar que todos eles, com prêmio ou sem prêmio, já são mais do que vencedores. E para aqueles que não acreditavam na capacidade desses jovens, eles provaram o seu valor com pequenos gestos e atitudes.

Merecem ser contadas
Com seus projetos, também provaram que sabem o que está certo ou errado nesse mundão em que vivemos e tentaram alertar as autoridades, e a todos nós, sobre os problemas que a sociedade em geral enfrenta, independente de ser rica ou pobre. A partir disso, tentaram buscar em suas argumentações algumas soluções para tudo isso.

Essa galerinha me fez parar para pensar... Muitos dizem por aí que só as pessoas mais velhas e mais experientes é que têm histórias para contar, mas esses jovens me fizeram ver que não é bem assim que a banda toca. Os jovens também têm muitas histórias, que merecem ser contadas e não ignoradas. Não é só porque são jovens que não levam nada a sério.

As coisas não são bem assim. Mesmo com pouca idade, já vivenciaram histórias suficientes para escrever um ou vários livros e a galerinha do Pro Jovem deu um show durante essa parte do projeto. De um simples tema como árvore ou obras, surgiram centenas de histórias bem legais. Com elas, mostraram que jovem sabe, sim, contar várias e boas histórias.

“É do chão que começam as mais altas construções...” (vai ser assim com esses jovens também, se Deus quiser).

Prosseguindo com a fala da minha amiga e jovem repórter Aline Maciel, percebi que este evento foi simplesmente:

“O INÍCIO DE UMA GRANDE MUDANÇA NA SOCIEDADE”

A euforia do último domingo na Vila Olímpica foi total. Aquela multidão de jovens era capaz de impressionar até mesmo a torcida do Flamengo em dia de Fla x Flu. Eram tantas as formas de expressão, que foi impossível não se sentir orgulhosa de fazer parte desse projeto.

O foco daquela grande festa não estava em alguém ou em um grupo de pessoas, mas em todos. Cada segundo que se passava, a alegria ia contagiando cada pessoa presente naquela quadra.

Era visível a felicidade naqueles olhares e gestos, demonstrados pelas batidas dos instrumentos, palmas, gritos, cantorias e folias de toda espécie. O mais impressionante é que ninguém parecia estranho a ninguém, como se todos que ali estavam, mesmo sendo de bairros diferentes e tendo se visto uma vez ou até nenhuma, fossem amigos de infância.

Amigopatia
A agitação era total e ainda que soubessem que aquilo era uma competição, o que realmente prevaleceu foi o sentimento de união, harmonia e diversão. Todos queriam mostrar seus projetos, mas nem por isso deixaram de vibrar com os outros apresentados. Rolou entre eles uma espécie de amigopatia, como diz uma de nossas jovens repórteres, a Aline Maciel.

Minha emoção estava à flor da pele, como se cada palma batida ali representasse uma batida do meu coração. Nem pude me conter onde estava. Tentei somente observar o que acontecia da arquibancada, mas todo aquele entusiasmo me fez descer ao centro daquela quadra e me misturar àquele grupo tão empolgante e contagiante.

Esse projeto ultrapassou o seu objetivo central, que era dar uma formação cidadã. Acima de tudo, ele criou seres humanos mais humanos e menos individualistas, onde a razão deu lugar à emoção.

No início do projeto, podia se notar nas próprias salas em que aconteciam as oficinas as diferenças entre os jovens, pois a heterogeneidade ainda estava presente. Cada um observava o outro com suas desconfianças e diferenças, que foram totalmente dissipadas ao longo desse trabalho.

Transformação de vidas
A atuação dos oficineiros e assistentes foi fundamental para que o desenvolvimento desses jovens fosse o sucesso que foi e o empenho desses mesmos jovens em vencer se deu em grande parte pelo estímulo dado a eles por seus orientadores. O “Minha rua tem história” despertou nessa grande juventude uma visão otimista de construção ou restauração da cidade de Nova Iguaçu.

Nunca antes se viu ou se ouviu falar de um projeto voltado para os jovens de uma cidade, que tenha modificado tão a fundo conceitos de que o jovem tem voz e vez em qualquer lugar, independente de suas circunstâncias. Nunca um governo preocupou-se em ensinar a alguém sobre os direitos que têm e como brigar por eles, pois é como dar a arma ao inimigo. Agora essa nova geração encontra-se capacitada a dialogar, fundamentada em argumentos concretos a respeito de seus direitos como cidadãos.

Com certeza, esse foi mais que um projeto de capacitação, mas de transformação de vidas e da visão de como se faz uma política pública, que acrescenta não só na vida dos envolvidos, mas reflete no futuro de uma população inteira.

Eu poderia escrever durante horas sobre as sensações de estar em um projeto como esse, porque certamente são infinitas, porém indescritíveis. No entanto, não posso deixar de dizer que isso tudo foi apenas o “início” da mudança na vida da população iguaçuana.

Tem mesmo que fazer, é? Ah, Que coisa!

A má vontade é porque a jovem repórter não está nem um pouco afim de chorar.

Por Louise Teixeira


A jovem repórter vai sentir saudades das terças no E. M. Meninos de Deus, na Prata. A jovem repórter deixou de ser repórter para ser amiga, para ser só jovem. Ser mais uma – apenas mais uma - no Pro Jovem.


A jovem repórter foi parar na Jacutinga para fazer pom-pom prateado. Toda essa preparação durou até as 22h da noite anterior à gincana de domingo. A jovem repórter comeu bolo de aniversário na Av. Antônio Borges.


Como esses jovens da Prata e Jacutinga a esperavam com seus chapeuzinhos e máscaras prateadas, a jovem repórter teve que cancelar um compromisso importante para este mesmo domingo.


A jovem repórter carregou faixa, gritou, cantou, levou filha pra fazer xixi, torceu, sorriu, chorou. Se conformou, até, pois o outro projeto não era o melhor, mas era melhor que o de seu bairro... Mas não agüentou a tristeza e o desânimo de quem não sentiu o gostinho da vitória.


A jovem repórter Louise Teixeira, hoje, se sente grande, realizada com seu trabalho. Mas ao mesmo tempo incompleta, pois um pedacinho do seu coração ficou com esses jovens Pratenses e Jacutinganos – ou seria Pratianos, Prateados, Jacutinguenses - de um certo projeto chamado "Minha rua tem história", do qual não me esquecerei jamais.

Acreditar dá mais certo

Bairro da Prata teve que improvisar, mas não perdeu animação
Por Larissa Leotério

"União Jovem da Prata – Arerê; A Prata veio para vencer". Esses foram os dizeres escritos na faixa trazida pelos jovens do bairro Prata. E foi com esse espírito que os jovens chegaram para o encerramento da primeira etapa do projeto "Minha rua tem história". A festa aconteceu na quadra da Vila Olímpica de Nova Iguaçu, neste domingo, 28 de setembro.
O clima era de puro entusiasmo. Verônica, Gláucia, Samuel, Gleice e Marcela eram facilmente vistos por causa dos adornos prateados e pelo gingado ao som do "Rap do Salgueiro". Se fôssemos traduzir aquele momento com uma só palavra, essa palavra seria "contagiante". Eu tive que dançar junto com eles!


A falante Alessandra de Souza fala, com a maior animação, sobre a expectativa para o início dos cursos profissionalizantes. Percebo que demos um gás na que seria a ação voluntária dos jovens: motivamos a permanência deles no Pro Jovem. O "Minha rua tem história" foi começar o Pro Jovem com o pé direito.

Boa relação
Minha constatação se confirma quando converso com Amanda Lopes. Apesar de ter adorado o projeto, a jovem reclama de duas coisas. "O projeto só pecou em dois fatores: ter sido tão curto e eu não ter ficado com câmera digital", diverte-se. Amanda está confiante que, antes mesmo do fim do Pro Jovem, irá encontrar um bom emprego para a ajudar sua mãe, dona Beth, nas despesas da casa.

No meio da conversa com a Amanda, fui abraçada pela Victória. Vocês lembram dela? É a planejadíssima filha da Tatiane Vieira Lima, de quem falei no último post que publiquei. Percebo, então, que a boa relação não foi estabelecida com a mãe, mas com a pequena também. Carinhosíssima, mostra o chapéu e o pompom da torcida da Prata.

Na prova de um minuto, as turmas tinham que usar esse tempo para impressionar a torcida e os jurados. Nesse minuto, pude perceber quão aguerrida era a galera da Prata, a última equipe a se apresentar na prova. A turma teve que mudar a apresentação na última hora por conta de uma "falha técnica" com uma das dançarinas. Nem o imprevisto afetou a união do grupo. Buscando uma solução para o problema, os jovens pediram a ajudo do tagarela Samuel para se apresentar e salvar o bairro Prata. Samuel cantou o rap "Periferia".

Fã do grupo
O moço mandou muito bem na prova, improvisando enquanto a galera dançava e pulava muito. Ao final da prova, perguntei a Samuel o porquê da escolha do rap. "Sou fã do grupo que canta essa música", diz ele. "Os Sacerdotes MC's.

Em suma, o projeto foi maravilhoso. Ver a alegria e a animação dessa galera é gratificante demais. Ser jovem repórter nesse momento não é fácil, porque acho que em muitas matérias acabei 'puxando o saco do projeto'. Achei sensacional, que foi um grande incentivo para essa galera que está chegando ao Pro Jovem.

Todos começaram muito bem, muito empolgados. E esse é o caminho. Para tudo que fazemos. Acreditar dá mais certo. Eu duvido que alguém que esteve neste domingo na Vila Olímpica não acredite no projeto. Duvido que alguém tenha ido sem a vontade de vencer. Essa empolgação não vem da bolsa que eles recebem, como já ouvimos por aí. Essa energia vem das oficinas, dos oficineiros, dos assistentes, e de nós, jovens repórteres. E por que não acreditar? A cada dia eu acredito mais!

Parada gay

Ninguém acreditava em Jardim Pernambuco, mas Turma D ficou com os MP4s
Por Marina Rosa

No dia final , destacava-se um grupo sem nenhuma faixa, mas chamando a atenção com muitos balões coloridos, tambores e pratos.Eram os jovens de Jardim Pernambuco. Vou descrever o sentimento que passou por ali durante o evento.
Chegando ao grupo, Silvano Rodrigues, o oficineiro, demonstra ter mais entusiasmo. É o responsável por não deixar a “poeira” baixar. “Quero muita alegria, quero ver todo o mundo botando pra quebrar.”
Pergunto o porquê de tantas bolas e fitinhas coloridas, se era pra lembrar a Parada do Orgulho Gay que estava ocorrendo naquele mesmo momento na Via Light. Viviane Carla, 24 anos, responde com sorriso no rosto: “Ficou assim, mas foi sem querer”, disse ela. “Foi pura coincidência, apenas obra dos acaso. Ninguém pensou antes na Parada Gay, até porque alguns nem sabiam. Nós optamos fazer tudo colorido porque queríamos chamar atenção, mas, se quiser, pode escrever que foi por causa do desfile ” disse,caindo na risada.

"Só tem rap"
Enquanto Marcos Vinicius Faustini dava a tão sonhada máquina digital para a melhor composição de sete linhas com as palavras Nova Iguaçu e MP4, Jardim Pernambuco se organizava para “mandar” bem na hora de cantar o grito de guerra do bairro. Alguns trouxeram uma “colinha”, com a letra escrita num papelzinho; outros a sabiam de cor e salteado.Outros nem sabiam, mas tentavam decorar ensaiando baixinho para não ficar de fora da cantoria.

Silvano comemora com o grupo: “Só tem rap gente!”, diz com a expressão de quem tem algo mais a dizer. Mas ele não se contenta e revela: “É o seguinte, nós não fizemos rap, não sei se tem alguma premiação para os minutos, mas, se tiver, creio que vamos ganhar fácil, porque fomos diferentes.”
Logo depois essa expectativa é quebrada pelo bairro Jardim Tropical que, ao se apresentar, cantaram musiquinhas em ritmo de samba,com muita batucada, ao som de uma espetacular bateria.
Ainda mais ansiosos por estarem na frente de todos para cantar a música elaborada, chega a hora de“botar pra quebrar” – como disse um jovem – mostrando que mesmo sendo os últimos a se apresentarem não deixaram a desejar em entusiasmo, carisma e vontade de ganhar. Nesse caso, os últimos serão os primeiros.

Emoção de Silvano
Maria Antônia discursa antes de anunciar o ganhador e então finalmente revela que o vencedor é o bairro Jardim Pernambuco pelo projeto “Acervo de Memórias” da turma D. A emoção toma conta de todos, especialmente de Silvano, que se mostrava tão nervoso e ansioso quanto seus jovens durante todo o evento.

Silvano conta que foram apresentados quatro projetos muito bons, e por isso tinha esperanças de que um desses ganhasse. Não tinha preferências até notar o interesse dos jurados no projeto da turma D. Brotou a partir daí uma grande expectativa em torno dele. O sonho iria se reralizar.
Apesar de já terem sido anunciados como vencedores e chamados para receber o prêmio, alguns ainda se mostravam incrédulos, esperando “a ficha cair”, mas nem por isso deixando a emoção de lado. Começam a fazer sua comemoração quando recebem os tão cobiçados MP4s. A turma confessa também que, mesmo sem querer desmerecer os outros projetos, foi mais do que justo. Haviam se empenhado desde o primeiro momento e lutavam muito para isso acontecer.

Valeu a pena

Jovem repórter se mistura com os fatos que devia narrar, e isso deixou tanto os fatos como a reportagem bem melhores
Por Luiz Felipe Garcez

Prados Verdes realmente mostrou que não estava para brincadeira nesse sábado, dia 28/09, no encerramento da primeira parte do projeto "Minha rua tem história". A mobilização feita por nós permitiu que arrumássemos um ônibus, conseguido por mim via Micaela Costa, que trabalha na coordenação do projeto.

Éramos o bairro que mais levou gente, mesmo sendo o bairro mais distante. Sou suspeito para falar sobre isso, pois me sinto parte de Prados Verdes, mesmo morando no centro de Nova Iguaçu. Mas éramos o bairro mais animado, o mais preparado, o mais vitorioso. Vitorioso, sim. Pois mais importante que ganhar os Mp4s foi vencer nós mesmos. Eu e os jovens de de Prados Verdes vencemos nossos preconceitos, nossas expectativas, nossos sentimentos.

Eles aprenderam que Prados Verdes pode ser e é um bairro igual ou melhor que qualquer outro. Eu tenho certeza que eles se sentiram realmente de Nova Iguaçu provavelmente pela primeira vez. E eu me senti parte daquele sentimento.

Pisões no pé
Levamos “pompons” feitos de sacos plásticos, perucas e alguns apitos. Eu levei um nariz de palhaço, pra representar exatamente o sentimento que eu queria que eles tivessem: alegria. E alegria não faltou. Gritamos, pulamos, brincamos e vencemos.

O ônibus chegou com 20 minutos de antecedência e a grande maioria já esperava no ponto ansiosamente. O restou veio chegando e rapidamente entrando no clima. A viagem de uma hora e vinte minutos foi marcada com muita zoação, brincadeiras e “pisões” no pé - afinal, não entrava mais ninguém naquele ônibus. Acredito que devia ter umas 100 pessoas naquele ônibus. E eu conhecia cada um. Posso até não me lembrar do nome, mas lembro do aperto de mão, do abraço, do sorriso.

Nossa apresentação de um minuto demonstrou nossa união. Íamos apenas bater palmas e cantar “Pra pra pra pra pra pra pra Prados Verdes”, mas decidimos ali, na hora, que dois amigos iriam dançar enquanto ficássemos em uma roda, o que foi a grande marca das nossas oficinas. E foi muito bom. Todo mundo batendo palma em roda e eles dançando break no meio.

Comemoração da derrota
Enquanto a dança acontecia eu andei pela roda avisando aos berros que quando terminassem iríamos todos pular em cima deles e coincidentemente acabou exatamente na hora que eu completei toda a roda. E algo que não sairá tão cedo da minha memória é o Fernando, que é o assistente de lá, sendo o primeiro a entrar no meio da roda gritando e fazendo com que todo o resto viesse pra cima e virasse um grande caldeirão com geral pulando e gritando Prados Verdes e terminando com geral se abraçando. Mais do que demais, sensacional.

Depois de nossa apresentação, eu fiz questão de comemorar pessoalmente com cada um batendo na mão deles e gritando “uhuh”. A alegria continuou, tanto que em certos momentos éramos inconvenientes. Faustini pedindo silêncio e lá estávamos pulando e gritando. Maria Ântonia falando e nós comemorando antes de ela anunciar o vencedor.

No final, me veio à cabeça o refrão daquela música do O Rappa, a Pescador de Ilusões: “Valeu a pena ê ê ê, valeu a pena ê ê ê...”.

E hoje tenho certeza que Prados Verdes foi o vencedor e cada um que estava ali venceu e com certeza mostrou mais do que a história da sua rua e sim fez um pedaço da história da sua vida.

Gostinho de quero mais

Cronista iguaçuano escreve sobre o final da primeira etapa do 'Minha rua tem história'
Por Moduan Matus

Nos bairros de Nova Iguaçu contemplados com as obras do PAC, formaram-se Grupos do Pro Jovem com quatro turmas. As oficinas de que participaram foram acompanhadas pelos jovens repórteres da Escola Agência de Comunicação, um projeto coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Essa união resultou na gincana social "Minha rua tem história".

Foram semanas e semanas de várias atividades sobre a história e sobre histórias de cada bairro envolvido.

Dezessete bairros participaram, culminando (a 1ª parte) em apresentações (de uma turma por bairro) de um projeto voltado para a comunidade. Em apenas um dia, a turma escolhida, com o uso de 50 MP4s (um para cada participante) teria que proporcionar uma evolução no sonho e na realidade do bairro (e sub-bairros), estimulando a auto-estima de cada morador.

OS BAIRROS FORAM (não necessariamente nessa ordem):

- Rancho Novo, onde a turma A apresentou projeto “Antipreconceito”. Seu principal objetivo era combater o preconceito contra os jovens do Criam, em processo de ressocialização.

- Jardim Guandu, onde a turma A apresentou o projeto “Unidos para Mudar”. Seu principal objetivo é criar um fanzine para conscientizar sobre as necessidades e obrigações no cuidar comunitário principalmente no tocante às questões ambientais.

- Rodilândia, onde a turma D apresentou o projeto “O cotidiano das profissionais do sexo em radionovela”. Para evitar o pré-conceito com minorias no bairro.

- Jardim Pernambuco, onde a turma D apresentou o projeto “Acervo de memórias”. Para incentivo à leitura, através de um banco de dados da própria comunidade.

- Bairro da Prata, onde a turma C apresentou o projeto “Cada ato, uma conseqüência”. Para conscientizar sobre a importância em manter o rio que corta o bairro sempre desobstruído.

- Jardim Nova Era, onde a turma D apresentou o “Projeto Show”, com artistas da localidade e as músicas preferidas dos moradores.

- Vila de Cava, onde a turma C apresentou o projeto “Trupe da alegria”. Com a realização de um evento no orfanato que fica no bairro e fazer com que sua gravação se transporte até as pessoas que freqüentam o show de uma casa noturna, do bairro, às sextas-feiras.

- Prados Verdes, onde a turma D apresentou o projeto “As culturas afro de Prados Verdes”, um apanhado cultural, religioso e culinário de afro-brasilidades na comunidade.

- Jardim Palmares, onde a turma A apresentou o projeto “A memória do bairro através do meio ambiente”, cujo objetivo é acompanhar as transformações, alertando causas, conseqüências e preservações.

- Bairro da Luz, onde a turma C apresentou o projeto “Posto de saúde para o bairro”.

- Cobrex, onde a turma D apresentou o projeto “Reciclasom”. Para o recolhimento de materiais recicláveis, suas histórias, transformando-os em instrumentos musicais, gravando cada som e divulgando-os para a comunidade.

- Cacuia, onde a turma D apresentou o projeto “Lendas e crenças”. Para formar um banco de dados sobre as histórias mais populares do bairro.

- Luiz de Lemos, onde a turma B apresentou o projeto “Casarão dos laranjais”. Para contar a história do bairro desde os tempos das plantações de laranjas.

- Cabuçu, onde a turma A apresentou o projeto “Cabuçu em viva voz”. Para colher histórias diversas do bairro e levar ao conhecimento de todos.

- Palhada, onde a turma B apresentou o projeto “Cotidiano em duas visões”. Para mostrar as diferenças e semelhanças no dia-a-dia de jovens e idosos para toda a comunidade.

- Jardim Alvorada, onde a turma A apresentou o projeto “As memórias do carnaval de Jardim Alvorada”. Para reintegração do bairro entre adultos, jovens e crianças absorvendo o aspecto sócio-cultural.

- Jardim Tropical, onde a turma A apresentou o projeto “Valorizando o nome do bairro”. Para o reconhecimento, através das histórias do bairro, das fotos antigas e de um show de música e capoeira.

O violino de Einstein
O (nosso) tempo no espaço e o espaço (de cada um) no tempo nos fazem buscar coisas que evidenciem uma relação de equilíbrio e objetividade na constante busca de valores para a vida.

Albert Einstein afirmava cientificamente, no início do século XX, que somente a evolução moral impediria uma catástrofe no planeta. Desta forma, o Prêmio Nobel de Física do ano de 1921 viveu seu tempo no espaço, elaborando sínteses para a evolução do mundo físico. No entanto, em tempo algum deixou de lado o seu violino. Estivesse onde estivesse, o violino, seu sonho, sempre tinha um espaço reservado em sua bagagem e em suas horas.

Assim, a mistura de sonho e realidade faz brotar a vontade de cada um dar o melhor de si para formar grupos fortes, capazes de alavancar (como uma grua) valores, antes inacreditáveis para a construção de uma cidade que caminha sempre mais evoluída, moral e fisicamente, e sempre, no tempo e espaço, centrando seus objetivos na valorização da vida de seus moradores.

Enfim! Chegamos ao domingo de tempo chuvoso e frio do dia 28 de setembro de 2008, onde grupos do “Pro Jovem” se apresentaram no ginásio da Vila Olímpica de Nova Iguaçu-RJ. Os grupos passavam de 50 jovens. Entre a euforia de estarem juntos, seus rostos se sobressaíam pela fé de que o projeto do grupo ao qual pertenciam, sairia dali do ginásio como vencedor. E, dali, eles, os jovens, disseminariam pelo bairro todo, o broto da novidade cultural.

Jardim Pernambuco
A chuva e o frio, esquecidos fora do ginásio, contrastavam com o calor humano e a sede insaciável das torcidas, dentro, pela realização plena de seus propósitos.

Quadra cheia. Arquibancadas, idem. Cada grupo usando o seu adereço-senha, adrenalizando, a plenos pulmões. A cada “grito de guerra”, a cada “festival de um minuto” que os apresentavam.

Eram: raps, danças de rua, histórias, sopro em flauta transversa, música gospel, tambores, reggaes, funks, axés, grito de carnaval, cantiga de roda e samba. Que explodiam, contagiando, a partir do meio da quadra. Redobrando a organização da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, com Marcus Vinicius Faustini e sua equipe, para a apreciação de todos que, depois do último grupo a se apresentar, agradeceu aos presentes, aos grupos, inclusive aos oficineiros e assistentes de Sandra Mônica e aos jovens repórteres, liderados por Julio Ludemir. Passando, a seguir, o microfone para a Coordenadora Geral do Bairro Escola, Maria Antônia, para que anunciasse o bairro do grupo vencedor. Ela que antes também agradeceu ao esforço de cada um dos participantes para formar a melhor equipe e fazer o melhor projeto. Lembrando a importância de cada projeto para as pessoas, para os bairros, para a cidade de Nova Iguaçu e para a contribuição exemplar que acabaram de dar para todos os municípios do Brasil. Lembrando ainda a dificuldade de se chegar a conclusão final em relação a escolha do grupo vencedor, pela riqueza que todos os projetos traziam em seu escopo. Quase que fazendo o grupo julgador a adentrar o outro dia, em premissas .

O nome do ganhador saiu: - Jardim Pernambuco!

Dando início a uma nova explosão de alegria na quadra da Vila Olímpica e dando fim a primeira etapa do projeto, deixando nas bocas dos presentes aquele gosto delicioso de: “Quero mais!”, pois ainda existe espaço, tempo, corpo, sonho e relatividade.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A grande família

Por Anderson Chagas

Familiares dos jovens participantes da gincana também ajudaram a incendiar as arquibancadas da Vila Olímpica

A torcida fez bonito na final da primeira gincana social da cidade de Nova Iguaçu. A premiação do projeto "Minha rua tem história" conseguiu lotar a quadra da Vila Olímpica neste domingo, 28 de setembro, mesmo debaixo de chuva e frio. Mais de mil e quinhentos jovens foram defender o bairro onde moram e apresentar projetos sociais que pudessem ser desenvolvidos em 24h com a ajuda de um aparelho MP4. Todos os projetos foram bem elaborados e continham propostas de melhoria local, mas apenas o projeto apresentado pelos jovens do bairro Jardim Pernambuco cumpriu o critério de tempo: 24 horas para a execução do projeto.

Enquanto o coro comia na quadra da Vila Olímpica, a torcida incendiava a arquibancada com gritos de guerra e muita empolgação. Alex Luiz, 23 anos, veio acompanhar a esposa e ficou num cantinho tomando conta de Adriele, sua filhinha de apenas 3 anos. O maridão de Ivaneia Santana diz que incentivou a esposa desde o início do projeto. Segundo ele, a esposa está diante de uma grande oportunidade. "Adoraria participar do projeto, se houvesse uma nova edição", candidata-se.

Do outro lado da arquibancada, Anderson Sena, 29 anos, também mostrava habilidade em cuidar de bebês. Acompanhado das filhas Maria Clara, 3 anos, e Lohana Vitória, de 9, o morador do bairro Rancho Novo fez uma torcida totalmente caseira para a esposa. Ao assistir toda aquela festa, Anderson lembrou-se do 1° dia do projeto, quando foi levar a esposa e saber do que se tratava. "No primeiro dia, fui levá-la para conhecer o lugar que minha esposa iria freqüentar durante esse tempo", disse o marido, cabreiro sobre o que ia encontrar. "Depois que cheguei lá, liberei de cara, e disse: 'Meu amor, aqui você só tem a ganhar'", incentivou.

Anderson elogiou bastante o trabalho do oficineiro Tiago Costa e disse que sua esposa melhorou muito a forma de se relacionar com as outras pessoas. "Ela era muito tímida. Até a nossa relação melhorou. Ela está bem mais madura e criativa", elogiou, segurando a filha menor no colo, mas sem perder a outra de vista. O paizão ainda lamentou a falta da terceira filha do casal. "Hoje, a nossa Verônica ficou em casa", lamentou.

Dois degraus acima de Anderson, era possível avistar a jovem Vanessa Nunes, 18 anos, amamentar seu neném. Em meio ao barulho ensurdecedor da torcida, a princesinha Yasmim Rosas, de apenas 4 meses, mamava tranquilamente no colo da mamãe. Vanessa mora no bairro Jardim Tropical e aproveitou o momento de concentração da torcida para dar de mamar à pequena Yasmim. "Como a turma do Jardim Tropical é a mais animada, tive que esperar esse tempinho para amamentar minha filha", explicou, fugindo do 'baticum' vindo da turma do Jardim Tropical.

Acostumado a ficar com o filho enquanto sua esposa, Fernanda dos Santos, participava das oficinas do projeto "Minha rua tem história", Leonan dos Santos, 23 anos, era só alegria na torcida pelo bairro Jardim Palmares. Leonan só apoiou a esposa depois que ela explicou direitinho o objetivo do projeto.

"Ela disse que o projeto iria registrar as histórias da rua e do bairro. Ela mesma não sabia que Nova Iguaçu havia tido outro nome", revelou Leonan, segurando seu filho, Junior, de 8 meses. Para reforçar sua torcida, o jovem de Jardim Palmares contou com companhia do amigo Nilton Santana, 26 anos, morador de Santa Eugênia. Nervoso, Leonan deixou escapar a causa de tanta aflição. "Tô vendo que Rodilândia tem uma turma bem forte. Temos que tomar cuidado com eles", avisou.

O mesmo clima de tensão e insegurança estava estampado no rosto da jovem Luciana Mesquita, moradora do bairro Jardim Pernambuco. Para Luciana, a turma do seu bairro não estava tão animada quanto as outras. "Se o nosso grupo entrar desse jeito, dificilmente irá ganhar alguma premiação", previa a jovem. Luciana só não previu que o projeto levado pela turma do Jardim Pernambuco seria o grande vencedor da noite. Parabéns, Jardim Pernambuco!

A leitura nos leva a lugares inimagináveis

Clayton Carneiro dos Santos

Jovem revelado pelas oficinas de Jardim Pernambuco fala sobre a emoção de ganhar o "Minha rua tem história"

Marcado por apresentações primorosas e educacionais, a gincana social "Minha rua tem história", um projeto da Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu, fez um show que ficará na memória de todos.

O ponto alto do projeto aconteceu na tarde neste domingo - mais precisamente na Vila Olímpica, onde os jovens dos 17 bairros que participaram da gincana social apresentaram o show do minuto. Foi uma farra só enquanto aguardávamos o resultado do julgamento dos projetos desenvolvidos ao longo da última

Nosso projeto, cujo objetivo final é criar uma Biblioteca Popular, visa mostrar à população que não só Jardim Pernambuco, mas os outros bairros também, que a leitura é um exercício, uma possibilidade de aprender para todas as idades e que, lendo, você pode ir a lugares inimagináveis.

No domingo, enquanto os outros bairros apresentavam seus projetos, Jardim Pernambuco estava vibrante e confiante. Mas a espera pelo resultado era angustiante.

E quando Maria Antônia Goulart, a coordenadora do Bairro Escola, foi anunciar o resultado a tensão quase nos mata do coração.

Mas enfim ela disse que a nossa turma, a Turma D de Jardim Pernambuco, tinha desenvolvido o melhor projeto.

Foi só alegria a comemoração a partir de então.

Foi tanta que a galera foi comemorar na Parada Gay, um evento que deve ter reunido milhares de jovens em Nova Iguaçu.

Eu preferi ir agradecer Deus pela vitória e pelo projeto que deu certo e vai se realizar.

Pela primeira vez na minha vida eu participei de um evento mais cheio que a minha igreja.

Aliás, era a primeira vez que eu deixava de ir a minha igreja para fazer alguma coisa. Fiz isso, e fiz com muita felicidade, durante as noites de quarta-feira do último vez. Nessas noites, eu mandava dizer ao pastor da minha comunidade que estava no Pro Jovem.

trocava a freqüência

lotado que ambém há milhares de pessoas na igreja aos domingos.

Se vira nos 60

Jovens da Prata ficaram intimidados com a multidão. Mas não deixaram de participar da festa
Por Leandro Furtado
Agora é pra valer, baby.
Eu estava ali e vi com estes olhos que a terra há de comer.
Eu vi, mas demorei a acreditar.
Vi jovens. Muitos jovens. Mais de mil, talvez dois mil.
Eu era o 1001. Ou o 2001.
As turmas eram chamadas para apresentar seu grito de guerra e um show que poderia ser apresentado no Domingão do Faustão. A diferença é que, no festival do minuto, a rapaziada tinha que se virar nos 60, não nos 30.
As turmas iam se apresentando. Para chamar a atenção da galera, valia tudo. Valia confete, apitos e pandeiros.
Chegou a hora da turma da Prata, e eu vibrei como se fosse meu time entrando em campo.
Quando o dj tocou o som, a multidão nao se conteve. Em toda a extensão da quadra, gente dançava, gritava e agitava. Eu era uma dessas pessoas.
Houve ali uma manifestação de pura alegria.
Geral e individual. Minha também.
E eis que surge uma faixa do bairro da Prata.
Ela dizia assim: "A UNIAO DA PRATA, ARERÊ, A PRATA VEIO AQUI PARA VENCER."
No festival do minuto, cada bairro tinha que ir no centro da quadra fazer uma apresentação.
Foram apresentações empolgadas, empolgantes.
Cada uma mais empolgada e empolgante do que a outra.
A Prata entrou com muito entusiasmo.
Estavam confiantes.
A música foi boa. A vontade de fazer bonito era enorme, mas a danca foi regular.
Aline Cristine tinha explicações para o desempenho do bairro da Prata, inferior às expectativas que ela e todos nós depositávamos. "O grupo deixou a desejar porque a dança envolveria até quatro", disse-me ela. "Eles chegaram a ensaiar, só que na hora h só um teve a coragem de encarar a multidão."
Depois da apresentação, o grupo voltou meio cabisbaixo para o meio da multidão. Foi uma pena.
Mas todos nós estamos de parabéns.
Esperamos mais eventos que envolvam a juventude desta cidade.

A riqueza do Cacuia

Cacuia mostrou que não se mede riqueza de um bairro pelo seu comércio, mas por seu morador
Por Pedro Henrique C. Gomes


No último domingo (28/set /2008), cerca de 1.500 jovens se reuniram em nova Iguaçu para a celebração do ultimo dia da primeira edição do projeto "Minha rua tem história".

O ginásio da Vila Olímpica de Nova Iguaçu ficou pequeno diante de tanto entusiasmo. Parecia que o timbre das vozes fazia tudo tremer – por vezes, cheguei a pensar que o teto ia desabar sobre nossas cabeças; ainda bem que foi só impressão.


A animação era geral e todos pareciam querer demonstrar que estavam ali, não só para marcar presença e, sim, pra fazer A presença. Estavam ali para demonstrar que a voz e a vontade da juventude tem força e que essa força não e só um mito, como muitos tentam fazer acreditar

Vários bairros de Nova Iguaçu se faziam ali representar, tais como a Cobrex, o Jardim Nova Era e Rodilândia, entre outros. Mas, nesse dia, minha proximidade era com os representantes do Cacuia. O Cacuia (que na verdade era composto por Cacuia e Tinguazinho.) começou retraído, talvez devido à ausência dos muitos jovens que chegaram atrasados por causa das fortes chuvas que caíram na cidade e do engarrafamento provocado pela Parada Gay. Após um tempo, todos os integrantes das turmas A, B, C e D do Cacuia estavam presentes. Aí, sim, a festa foi geral.


Durante a festa, pude observar os participantes, suas reações, suas angústias, alegrias e tristezas. As angústias com a espera dos resultados. As alegrias das conquistas. E a tristezas de não terem tido o projeto selecionado. Mas, no geral, todos tinham a certeza de que todos ali presentes eram vencedores pelo simples fato de estarem ali fazendo parte da construção da história de Nova Iguaçu.

Melhor redação foi do Cacuia

Bem! Não teve pra ninguém. A máquina fotográfica foi para o Cacuia. A premiação para a melhor composição de sete linhas na qual deveria ter, obrigatoriamente, as palavras nova Iguaçu e Mp4 foi para as mãos de Gabriela, uma moradora de 18 anos do Tinguazinho. Pude entrevistá-la ainda sob o impacto da premiação. Gabriela estava visivelmente emocionada.


- Você esperava ganhar o prêmio de melhor composição? - perguntei.


- Eu não esperava - disse ela. - Tem tanta gente que escreve bem, que eu não achava que a minha ia aparecer. Mas eu esperava que viesse para a Turma C do Cacuia.

- Como você se sentiu ao ir lá na frente receber a maquina fotográfica?

- Foi muito importante para mim. Foi demais.

- Tem planos para a máquina?

- Tirar fotos dos meus colegas. Porque todos eles fizeram parte e eu quero mostrar que todos eles estiveram comigo .

- Além da câmera digital, você ganhou alguma coisa a mais do projeto?

- Todo mundo fala que o Cacuia é morro, e pobre e não tem nada. Não se mede riqueza por casas de shows, pizzarias e cinemas. Um bairro tem muito mais que o comércio. Os moradores do Cacuia valem muito mais que isso.

Pro Jovem ou "Pro" Jovem?

Jovem revelada pelas oficinas de Rancho Novo lembra que, no começo do projeto, oficineiro antes tinha que pedir para os jovens falar. No fim, ele implorava silêncio.
Por Cíntia Gabriela Ribeiro

Sim, é dessa forma mesmo para ser escrito. Estamos num projeto para o jovem ou em favor do jovem? Será que já nos perguntamos sobre isso?

Nesse projeto, tivemos a oportunidade de ver jovens que antes eram reprimidos pela sociedade e às vezes até proibidos de falar o que pensavam. Nos encontros semanais, os jovens mostraram que são capazes de criar, produzir, inventar e até construir de uma forma diferente o seu futuro.

Concluo então que a festa que ocorreu na Vila Olímpica da nossa cidade no último domingo,não foi uma despedida e, sim, um até breve para aqueles centenas de jovens idealizadores e sonhadores.

Ainda bem que temos em nossa cidade pessoas que acreditaram no projeto e investiram nele das mais variadas formas. Desde o porteiro da escola até os patrocinadores,cada um teve o seu papel fundamental. Hoje, não é só a minha rua que tem história. Hoje a minha história de vida tem muito mais HISTÓRIA.

O fim do início da (re)construção da nossa história

Para jovem revelada pelas oficinas de Cabuçu, "Minha rua tem história não termina tão cedo"
Por Fernanda Bastos

E o dia tão esperado chegou. Após oito encontros da gincana social "Minha rua tem história" no Pro Jovem, os alunos estavam ansiosos pelo encontro de encerramento. Não para que o programa acabasse, mas por que neste evento estaria sendo anunciada a turma campeã. Na verdade, todas as turmas foram vencedoras na busca por elaborar um projeto de desenvolvimento e resgate histórico-cultural de seus respectivos bairros.

Uma semana corrida antes, todos concentraram esforços no desenvolvimento de seus projetos. A turma A de Cabuçu estava afiando o grito de guerra criado pela aluna Gabriela que, como mulher guerreira, não via dificuldade de enfrentar o desafio de dar atenção às gincanas e à sua princesinha Isabela ao mesmo tempo, mostrando que nossa comunidade estaria presente em massa no evento.

"Quem pensou que Cabuçu não vinha (bis)
Se enganou, bateu de frente (bis)
A equipe Cabuçu (bis)
Vai detonar muita gente (bis)
O MP4 é da gente (bis)"

Outra arma que estava na manga da turma A era o rap artisticamente composto em vinte minutos pela poeta Tatiana. O rap ainda seria coreografado pelo "bonde" de dança da turma. Todos estávamos certos de que nossa apresentação seria um sucesso. E foi...

Eu e parte da turma A chegamos juntos à Vila Olímpica. Todas as torcidas estavam muito animadas, foram muitos gritos, danças, muita zoeira e bagunça (organizada).

O começo foi marcado por uma disputa do barulho. Mais uma vez Cabuçu fez tremer o ginásio da Vila e mostrou que "quem achou que Cabuçu não vinha, se enganou e bateu de frente".

Quando se iniciou a apresentação das turmas, todos ficaram enlouquecidos. Gritos, apitos, tambores, flautas, pratos e até mesmo uma bateria de bloco carnavalesco. Falar da apresentação de todas as turmas não caberia em um único texto, pois ao todo foram 17 bairros de Nova Iguaçu. Assim, então, cada bairro tinha um espaço para apresentar seu griiTOOO DE GUERAAa!! E um minuto para apresentar sua música, dança, etc. Curioso foi que quase todas as turmas cantaram um rap feito por seus alunos. Mas teve o axé do Tropical e até uma apresentação na ponta do pé no maior estilo passista de escola de samba.

E Cabuçu foi uma das primeiras turmas a se apresentar. E o show começou. A empolgação era tamanha que todos estavam certos da vitória. Tatiana e a turma afirmaram no gogó: "Pro Joooovem: Cabuçu tem muita história". E até o fim manteve-se a esperança de que seriamos campeões. Talvez pelo detalhe de, na hora da apresentação de Cabuçu (e das primeiras turmas), não haverem pedido para que deixassem o espaço do centro da quadra livre para que todos vissem (como aconteceu logo depois), o show de Cabuçu ficou na memória de quem estava mais na frente da turma. Duas das primeiras turmas exigiram uma nova apresentação, mas, além de o tempo ter sido cruel, a apresentação não mudaria a decisão dos jurados. O que estava sendo julgado era o projeto com o MP4.

E após o tão esperado anúncio feito por Maria Antônia Goulart, a coordenadora do Bairro Escola, Jardim Pernambuco foi declarado campeão entre todos os bairros vitoriosos que mostraram seu potencial, levou os cinqüenta MP4s (um para cada aluno da turma). Houve também a distribuição de câmeras digitais para o melhor texto de sete linhas com as palavras MP4 e Nova Iguaçu, entre outros prêmios.

O legal é que não só eles (Pernambuco) realizarão seu projeto com o MP4. Todos os bairros desenvolveram grandes projetos e os jurados decidiram que cada projeto seria posto em prática em seu respectivo bairro e mais prêmios seriam distribuídos.

O "Minha rua tem história" continua, continuamos a escrever, falar, ouvir, cantar, dançar e gravar em MP4 a história do nosso bairro. Esperamos ansiosamente nossa vez para mostrarmos
"Cabuçu em Viva Voz"!!!

Eu também tenho história

Oficineira de Cabuçu faz avaliação do projeto e da tarde de ontem, na Vila Olímpica
Por Regiane Almeida
Alguma vivências são marcadas por conquistas e pequenos deslizes que por muitos são considerados fracassos. A experiência de desenvolver um trabalho em Cabuçu, com os meninos do Pro Jovem, está no patamar das experiências bem-sucedidas. A vontade de cada jovem em estar ali é algo inenarrável diante de tudo que já vivi. A cada encontro tínhamos a grata suspresa de jovens nos procurando interessados em fazer parte de nossa equipe.

Mas nem tudo eram apenas flores, mesmo diante de tão maravilhosas conquistas. As obrigações precisavam ser cumpridas, os resultados mostrados, e ambos não dependem apenas de empolgação.

Apresentações eram elaboradas, núsicas preparadas e como não poderia faltar, as festas sempre aconteciam ao final de cada encontro. Cabuçu é um lugar que tem "muita coisa " e muita gente para apresentar para a cidade de Nova Iguaçu, quiçá para o Brasil e sem nenhuma pretensão, para o mundo.

É sabido que temos muito trabalho para ser realizado, pois nossos meninos ficaram com gostinho de "quero mais", pricipalmente depois de nosso último encontro realizado na Vila Olímpica, no domingo 28. Mesmo com toda chuva e eventos ocorridos na cidade de Nova Iguaçu, os meninos marcaram presença e fizeram, como sempre, uma grande festa.

Sem nenhuma pretensão de serem os melhores, mas com a mesma vontade e desejo de todos os meninos que também estavam lá, dos outros 16 bairros. A festa acabou, a primeira fase do projeto também, mas cada jovem hoje percebe que "sua rua tem história" e o mais importante "eles também".

A vitória dos livros

Turma D de Jardim Pernambuco fica com os MP4s
Por Jéssica de Oliveira

"Não é mole não, Pernambuco veio aqui ser campeão".


No evento de premiação do projeto "Minha rua tem história", todos os bairros mostraram muita animação e garra, em especial o bairro vencedor, Jardim Pernambuco.

Os jovens estavam nervosos e ansiosos por conta dos MP4s que seriam entregues à turma campeã. Mas a confiança no projeto criado, nas histórias e nas perfomances, somados ao orgulho de mostrar um pouquinho de seu bairro, foram maiores.

Toda essa alegria não foi por causa do premiação em si, mas em poder festejar essa oportunidade de aprender, trabalhar e mostrar que os jovens de Nova Iguaçu têm muito potencial.

Os bairros esbanjaram criatividade e força de vontade

Os jovens da Palhada arrasaram com muita música e com três belas dançarinas - as jovens repórteres Gesseca Lourdes, 19 anos; Suellen Oliveira, 17 anos; e Cristiane Gomes, 19 anos -, que deixaram todos encantados. Mas não foi só a galera da Palhada que mostrou que sabe dançar: o pessoal de Prados Verdes, Cacuia, Luís de Lemos, Jardim Guandu, Nova Era, Jardim Tropical com seus instrumentos e todos os outros também deram um show na quadra da Vila Olímpica de Nova Iguaçu e "extravasaram", como disse o grito de guerra de Jardim Palmares.

As letras das músicas feitas pelos jovens foram incrivelmente criativas e contagiantes. Não faltou fôlego e animação naquela galera "ligada no 220V", que falou de superação, perseverança, conquista, cultura e gratidão pela oportunidade dada a eles, como mostrou o funk defendido pelos jovens do Rancho Novo, que diz que a educação e a profissionalização dos jovens são a única forma de ter um futuro melhor.

Durante o evento, os jovens que se destacaram foram presenteados. Esse foi o caso da Gabrielle Silva, do Cacuia, que ganhou uma câmera digital por causa da redação de sete linhas com as palavras MP4 e Nova Iguaçu. Moradora do Carmary, Suellen Vieira saiu da Vila Olímpica com um MP4 por causa da customização que fez da camisa do projeto, colando um símbolo brasileiro e dando uns "toques exclusivos".



O prêmio foi anunciado por Maria Antônia Goulart, coordenadora geral do Bairro Escola. Uma das integrantes da comissão que julgou os projetos, Maria Antônia fez questão de lembrar a dificuldade que os jurados tiveram para se definir pelo projeto da Turma D de Jardim Pernambuco, defendido pelo oficineiro Silvano Rodrigues. "Os projetos tinham muitas qualidades", disse ela. A coordenadora afirmou que mesmo os projetos não premiados serão encampados pela Prefeitura.

A Turma D de Jardim Pernambuco comemorou o prêmio com muita animação e orgulho. O projeto, criado por Renan e Marcelo, vai entrevistar moradores da comunidade com o objetivo de descobrir os livros que marcaram suas vidas e pedir para que leiam para o MP4 os trechos mais importantes da obra em questão. "Na verdade, nosso objetivos é criar uma biblioteca comuniária", disse Renan, inconformado com o fato de a diretora do CIEP do bairro não franquear o acesso da biblioteca da escola aos moradores de Jardim Pernambuco e com o uso quase exclusivo da internet nas pesquisas escolares da parte dos jovens.

O bairro, que chegou com muita união, falou das "Mudanças de um bairro", título da música apresentada no "festival do minuto". A vitória foi merecida. Desde o início, todos estavam confiantes e animados, independente da premiação. "Foi uma fase muito bonita, alegre, gratificante e que rendeu excelentes amizades", contou Alan Santos, 21 anos, da turma C.

Os campeões não se "cabiam". Estavam superfelizes.

Parabéns a todos pelas apresentações, pela garra, pela criatividade e parabéns aos vencedores que alcançaram seu objetivo.

Desfile das campeãs

Final apotéotico da gincana social "Minha rua tem história" reinventa projetos sociais voltados para
a juventude

Por Alcyr Cavalcanti

O final foi uma grande apoteose, à maneira do desfile das campeãs do carnaval carioca. Foi uma festa onde todos ganharam, ninguém perdeu. Muito mais do que os brindes fartamente distribuídos, a demonstração de solidariedade foi o forte.



Tudo começou às 15h em um domingo de chuva diluviana, que no entanto não assustou os jovens da gincana social "Minha rua tem história" e seus familiares, que não arredaram pé até o apito final. O mestre de cerimônias Marcus Vinicius Faustini era o mais animado. Chegou pontualmente às 15h, disposto a fazer o jogo da vida.

Aos poucos os jovens foram chegando, dos inúmeros bairros de Nova Iguaçu e de sua vizinhança. Luiza Maria veio de Miguel Couto, trouxe o filho de apenas dez meses. “Enfrentei a chuva, o frio e o engarrafamento que quase me fez desistir, mas tinha de vir, todo o mundo lá da rua me disse que ia ser uma baita festa.” O pequeno Lucas, olhos arregalados, assistia espantado à movimentação frenética à sua volta.

A animação aos poucos vai se espalhando pelo ambiente. Um clima de eletricidade se irradiava por toda a Vila Olímpica. A aparelhagem de som de muitos decibéis era testada, a festa está começando. A turma do bairro da Prata é a primeira a chegar. Prepara suas faixas, suas alegorias, seus adereços, a sua apresentação para o ápice de seu “um minuto de fama”. Os balões verde, preto e roxo dão o tom de alegria e muita energia que irão demonstrar durante todo o desfile. Edson Nunes de Oliveira, 25 anos, comanda a animação Para ele, foi um esforço coletivo as cores e os adereços, à maneira de um desfile na Praça da Apoteose em um domingo de carnaval, servem como motivação. Simbolizam o projeto, “pura energia” para ele.

Um show à parte
Edson comanda o grupo incansavelmente. Retoca maquiagens, ajeita os adereços, verifica se a faixa com os dizeres "União Jovem da Prata, Arerê a Prata Veio Para Vencer" está na posição correta. Ele é o centro das atenções, transmitindo energia a todo o grupo. Quando convidado pelo Secretário de Cultura para fazer uma performance em cima de um tablado, não se fez de rogado e improvisou ao som de um eletrofunk uma coreografia ao estilo de Deborah Colker, adaptada ao seu estilo. Foi um show à parte, quase um Michael Jackson, a platéia delirou.

Flávio de Araúdo Ferreira, o oficineiro do Luis de Lemos, é pura energia, corre de lá para cá preparando seu grupo. O “homem árvore” parece um garoto no meio de seu grupo. É adorado por todos, que vêem nele um igual. “Os nossos adereços, a nossa apresentação, foi resultado de uma idéia em conjunto, elaborada por todos”, diz Flavio, abraçando carinhosamente Jessica, uma linda jovem de vinte anos.

Jessica Luiza Azevedo Guedes se dedicou de corpo e alma ao projeto. "A borboleta como adereço em nossas cabeças foi idéia nossa", diz ela. "Sabemos que a borboleta é o símbolo da sorte, além de ser um animal tipicamente feminino, está sempre esvoaçando." De fato, no mundo dos jogos, a borboleta flutua de flor em flor, pertencendo ao Grupo IV, dezenas 13, 14, 15 e 16, para os apostadores um bicho de "bom agouro".

A casa vai ficando cheia, os grupos estão nos últimos preparativos, retoques de última hora. Alguns atrasadinhos chegam esbaforidos reclamando da chuva e do trânsito caótico. As caixas de som estão a todo o volume, botando todo o mundo pra dançar. “O funk é dez, é cem, é mil , aonde o funk chega não tem mais pra ninguém” , é o ritmo do Brasil. A ginásio vem abaixo quando o DJ atende ao pedido da galera e coloca nas carrapetas "Minha Princesa", de Bob Run e Marcinho - todo o mundo dança, Nova Iguaçu no ritmo da galera. Para variar, o MC coloca o "Rap do Salgueiro", antigo sucesso de Claudinho e Bochecha, "Olê ,Olá a força vai chegar", um clássico das noites cariocas.

A fria e chuvosa tarde-noite continua do lado de fora. Dentro do ginásio, prossegue a todo vapor , os grupos competem na apresentação de apenas um minuto. Todos têm seu minuto de fama, apresentando em uma síntese ao estilo internet de extrema rapidez, um longo preparativo feito de requinte e muito carinho. Jovens refazem a maquiagem, Regiane Almeida Santos, uma moradora da Cobrex de 24 anos, chama atenção pela beleza estonteante. Faz questão de retocar a leve maquiagem e pergunta: "Vou ficar bonita na foto?" e faz pose ao lado do banner da prefeitura. Faustini está atento a todos os detalhes.

Gabriela da Aparecida da Silva, uma moradora de 18 anos do Cacuia, era sorriso de orelha a orelha. Ganhou uma câmera fotográfica, e vai mostrar tudo que tem de bom em seu bairro. Para ela, a câmera é de todo o grupo e vai servir não só para registrar sua comunidade, mas "para ajudar a modificar nosso bairro". A fotografia não modifica as situações sociais, mas ajuda a compreender e modificar. Para ela, “Cacuia é chapa quente”.

Camila Machado tem 18 anos. Estudante, mora em Prados Verdes, retoca a sua maquiagem cuidadosamente, em um rosto levemente molhado de chuva e suor. "Preparei com carinho esses enfeites. Pra mim, é um dia especial", diz com um sorriso de plena alegria. Para ela, o projeto fez de 2008 um ano muito especial.

O Funk é dez , o funk é mil
De vez em quando, é feita uma pausa, para entregar os tão cobiçados brindes, goles de água para refazer as energias e para organizar a “roda” para estreitar ainda mais os laços de companheirismo, compadrio e solidariedade, nesses difíceis e sombrios tempos pós-modernos, em uma Nova Iguaçu que desafia os novos e envelhecidos tempos, impulsionando em um grande salto feito de coragem e otimismo uma multidão de jovens, dando uma lição de trabalho e esperança. A energia está no ar.

Faustini tenta organizar a ordem no caos, os grupos vão se sucedendo cada um mais animado do que o outro, em uma disputa onde não houve vencedores, nem vencidos, onde todos ganharam . Além e acima dos prêmios, claro todos cobiçados, ficou marcado em definitivo o estreitamento de laços de solidariedade em uma noite inesquecível no final de um projeto de construção, em uma cidade em construção permanente, de maneira irreversível.

Ritmos diversos, música do povo, a bateria do Jardim Tropical é de fazer inveja à bateria do mestre André da Mocidade, a energia é de carnaval. Passos de capoeira, passos de samba, passos de pagode, passos de eletrofunk . Alguns se esmeram na exibição da dança da rua, a nossa street dance, todos participam.

No final, ficam os versos do poeta do povo: “Aos amigos que ficaram pelo caminho, às princesas que cantei com muito carinho. Estamos na luta, com fé em Deus e em nós, em um mundo com mais paz e liberdade”. A vida pode mudar.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Os gritos de guerra do Cacuia

A laje da igreja do Pastor Carlinhos tremeu com a empolgação dos jovens, que prepararam gritos de guerra para a batalha da Vila Olímpica
Por Tatiana Sant’Anna, Carolina de Alcântara e Pedro Henrique Gomes

Turma: A
Não adianta tentar
O prêmio o Cacuia vai Ganhar!
(bis) Aço, aço, o Cacuia no pedaço!

Turma: C
Eu já falei...
Vou repetir...
É o Cacuia que manda aqui!

Turma C
Eu moro no Cacuia
Com muita dignidade
Retratando a nossa história
Com muita dignidade
Galera, vamos junto
Vem comigo aprender
A contar a nossa história
Pra ninguém mais esquecer.
(refrão) “não, não, não
Não podemos deixar
As pessoas destruírem
Aonde as aves vão morar”.
Algo novo inspirador
Nossa história tem amor
Misturada com romance
E um pouquinho de terror
Quando ela for contada
Todo mundo vai dizer:
“essa história é do Cacuia
Nunca mais vão esquecer”.
Refrão

Guerra na Alvorada

Jardim Alvorada também está pronto para a batalha final
Por Letícia da Rocha, Carla Caroline e Vinícius Braga

Estávamos todos no Ruy Berçot, a escola municipal na qual estavam se reunindo os jovens de Jardim Alvorada da gincana social "Minha rua tem história". Era a última vez que a oficineira Wanderleya estava falando para o grupo.

Havia uma clima de união no ar... Todos queriam encontrar a melhor resposta para o desafio lançado pela oficineira: como o Jardim Alvorada seria representado na Vila Olímpica neste domingo?

A euforia foi tomando conta de cada um. Era grande o desejo de fazer bonito na competição entre os 17 bairros que estão sendo contemplados pelas obras do PAC.

Foi nesse clima que surgiu uma letra de rap criada ali mesmo pelos jovens:

Nem melhor
Nem pior
Apenas diferente
Nós somos do Pro Jovem
Demorou fechar com a gente
Se quiser conhecer
Só tem uma solução
Demorou a fechar
Com o nosso projetão
Se quiser fazer Pro Jovem
Tem que ter sabedoria
Ser 100% humilde
Alvorada já sabia
Fizemos um rap
Pra vocês vamos dizer
Que Alvorada tem cultura
Agora falta o lazer.

Em questão de segundos, a letra do rap estava na boca de toda a turma que superlotou a sala de aula. Era contagiante a alegria com que cantavam. Todos estavam mostrando sua cara e porque vieram ao Pro Jovem!

- Por que vocês não fazem um grito de guerra para que o Alvorada chegue com cara de vencedor no evento? - desafiou a oficineira Wanderleya.

Os jovens, que já estavam bastante entusiasmados, morderam a isca. A resposta veio em minutos.

Quero ver quem bate palma
Quando a gente passar
Oba é o Jardim Alvorada
Os idosos e as crianças têm história pra contar.
Oba é o Jardim Alvorada.

No fim da reunião, os jovens combinaram de entrar fantasiados na Vila Olímpica, usando pompons de material reciclado e alegorias carnavalescas.

A atitude desses jovens mostra que o projeto foi ao encontro dos seus interesses, pois tiveram um espaço para expor suas idéias e quem as ouvisse.

Domingo será um dia inesquecível

Jovem repórter refaz o relato de uma noite iluminada pelos olhos felizes dos jovens do Cacuia. Na primeira pessoa
Por Tatiana Sant’Anna

Nem a falta de luz foi capaz de impedir a reunião que houve na terça-feira, sendo o penúltimo encontro dos jovens do projeto “Minha rua tem história” no Cacuia, reunindo as turmas A, B, C e D. Alegria e emoção comandaram a festa dos jovens, que chegavam a somar quase 100 participantes.

O Morro da Moenda, visto de longe, estava vestido de branco, pois os alunos vinham aos montes do centro do Cacuia, em grupos de mais ou menos sete pessoas, indo ao encontro da oficina que localizada na descida, mais precisamente na rua Jardim. Entusiasmada, aventurei-me na subido ao Morro da Moenda, na direção de Austin, e acabei pegando carona com uma turminha animada: Suelen e seu filho, Roberta e, um pouco à frente, Sueli, Joseli e Bárbara. A galera já estava sentindo falta da sua Turma A.

Sobe morro, desce morro, a conversa foi ficando emocionante, principalmente porque as meninas ressaltaram que o projeto pode unir as pessoas no bairro e elas puderam conhecer e fazer amizades com as pessoas que conheciam, mas com as quais não tinha intimidade. Entramos no morro que dá na rua Jardim, e as meninas perguntaram um pouco sobre o meu trabalho de Jovem Repórter. Eu me emocionei com os elogios que ouvi delas.

Chegando lá, a pequena sala estava lotada de jovens. Espremidos um em cima do outro, eles ouviam atentamente as orientações das assistentes Andréia e Josédina e da oficineira Sibila. Ao mesmo tempo que os alunos prestavam atenção, os seus olhos brilhavam ao reencontrar os colegas, cumprimentando-os com um simples oi, para não atrapalhar o que estava sendo passado.

Os jovens não paravam de chegar e a sala ia ficando pequena para tanta gente. Além disso, faltou energia no bairro. A oficineira pediu então para que subíssemos para o terraço da igreja em que nos encontrávamos.

Em fileira e sob as últimas luzes da tarde, os jovens trocavam abraços, cumprimentos e sorrisos. Não apenas eles estavam felizes com a grande reunião – os oficineiros também. Até mesmo eu, apesar de saber que um repórter deve ser frio e imparcial, fui contagiada pelo clima de animação. Sinceramente, estava muito emocionada com tudo que estava acontecendo, pois nunca tinha visto algo semelhante no bairro em que moro.

Em grupos, os jovens preparavam os gritos de guerra para a grande final no domingo. Cacuia! Cacuia! Nunca vi este nome ser tão aclamado e festejado por tantos jovens. O grito de guerra vencedor foi o da Turma A e D. Mas isso não abateu os perdedores. No final, todos cantaram num só coro o hino que irá reger a torcida do Cacuia.

Abraçados, eles cantaram e pularam até fazer tremer a laje da igreja. A euforia com a possibilidade de defender o bairro onde moram era maior do que a resistência da laje da igreja. Nem mesmo os jovens repórteres (Carolina, Thamires, Pedro e eu) resistimos àquela euforia. A mais reservada entre nós foi a sempre tímida e reservada Carolina. Pedro, por sua vez, deu um show de malabares.

No final, todos se despediram com abraços apertados. Tínhamos a certeza de que domingo será um dia inesquecível para os jovens da cidade de Nova Iguaçu

Juventude vencedora

Oficineiro do Cobrex também tem histórias para contar
Por Leandro Sílvio Martins

Fotos Leandro Sílvio e Kadu

Um dos papéis sociais do projeto “Minha rua tem história” é formar leitores e escritores autônomos, coletando histórias da vida dos jovens participantes. O último dia projeto no bairro da Cobrex não foi diferente, e deu história para contar!

As turmas A, B, C e D do bairro compareceram em peso. Todos tinham a certeza de que os conteúdos eleitos de suas histórias irão proporcionar maior conhecimento sobre o bairro e, com a sensação de dever cumprido, tinham o sentimento de ser cidadãos críticos e autônomos. A festa que foi o dia 28 também foi a certeza de que mal terminava uma festa e uma outra estava começando.

“É só o começo”, disse Márcia dos Santos, da Turma D. “Pode deixar que a gente vai ganhar!”, comemorava por antecipação Renata da Turma A, ganhadora do primeiro MP4 do Cobrex coma história da laranjeira que passou a dar frutos depois de ter sido ameaçada de ser cortada.


Depois dos avisos, uma agitação boa tomou conta de todos, um clima de descontração com muito bolo, pastel, refrigerante... É a definição de um grupo vencedor por tudo que aprendeu, tivemos lágrimas de uma saudade antecipada de quem ainda tem muito para contribuir, um sentimento de conforto surgia, ao observar que os jovens estão preocupados com muita coisa na sociedade em que vivem, prova disso foi os fantásticos projetos que eles desenvolveram. Sei que no momento em que escrevo este texto os jovens estão arrumando toda a animação da culminância na Vila Olímpica, todos marcando se encontrar para a confecção de cartazes, faixas... Todos estão cientes do papel que têm nesta cruzada, e que é mais importante do que qualquer um ali maginava, os múltiplos talentos encontrados no Cobrex mostram a força que a juventude possui.

A festa foi espetacular, realizada na quadra da Escola Municipal Herbert Moses. Gritos de guerra, promessas de vitória, bolo, guaraná, salgadinhos, velhas histórias sendo contadas e novas histórias sendo feitas, muita emoção e preparação de uma equipe que já mostrou ser vencedora.

Festa de arromba

O encerramento do Minha Rua Tem História
Bairro de Vila de Cava

Por William Faria da Costa

Em Vila de Cava, o projeto chega ao final em uma noite superdivertida, na quarta-feira 24/09. Era todo mundo falando com todo mundo, a interação entre as quatro turmas era total, o auge da comunicação, sem que ninguém ficasse sozinho um só instante.

De um modo inesperado, na base do improviso, o momento final foi bem melhor do que se esperava. Cada um contribuiu levando refrigerantes ou algum salgadinho. Uma enorme mesa foi formada no meio do quintal de Taís Sant’ana, que mais parecia a “Festa de Babette”. Taís foi uma anfitriã maravilhosa.

Entre as brincadeiras e animadas conversas, Diego ligou o som do carro, agitando ainda mais a festa. Era gente chegando a cada minuto e a interação aumentando. A experiência de participar do projeto foi muito proveitosa para os jovens. Um grupo de meninas pensa em formar uma equipe de criação de projetos.

O projeto na visão de cada um

Raquel Souza Santos é da turma D e mora na rua Coronel Alberto de Melo. O que mais gostou foi ter conhecido um pouco mais da história de cada um. A vida de todos passou a ter mais valor em relação ao seu bairro e à sua cidade . O projeto despertou uma vontade surpreendente de ouvir as pessoas mais idosas para conhecer velhas histórias. Os mais experientes transmitiram um conhecimento que vamos passar para os outros . “Despertou também em mim um desejo de conhecer melhor o meu bairro para poder passar para outras pessoas tudo que tem de importante.” Ela espera que, no próximo domingo, durante a festa de encerramento do projeto, Vila de Cava possa estar bem organizado e chame bastante atenção dos jurados. "Nós vamos ser campeões", aposta.

Wellington Moreira dos Santos mora na rua Friburgo. Para ele, foi muito maneiro contar histórias sobre o seu bairro. “Eu me senti muito mais importante. Não tive de que me queixar. Foi tudo muito bom”. Ele pretende produzir um vídeo com outras histórias que ainda não foram contadas e conversar com os moradores, conscientizando-os do valor da história de cada um. Ele deseja que , no próximo domingo, Vila Olímpica seja vibrante como tudo que está acontecendo até agora. Espera ser premiado individualmente, mas também torce muito pela turma D. "Vou ficar mais feliz se eles e eu nos dermos bem."

Diego Migon da Costa Serpa mora na rua Ernandes Ribeiro, também conhecida como rua Macapá,em Santa Rita. Para ele, a união entre os alunos foi o fator mais importante. Ele, que pretende estudar teatro, usou o projeto "Minha rua tem história" para vencer a timidez e se preparar para representar em público. Quer sair com o gosto da vitória no evento de domingo, na Vila Olímpica. Para ele, o bairro merece ser valorizado. Todos se esforçaram, comprometendo-se com o objetivo de transformar os jovens em protagonistas de sua própria vida. Para ele, a turma A merece ganhar. "Duvido que alguém esteja apresentando histórias melhores do que as nossas."

Gabriela Lemos da Silva é da Turma B e mora na Rua Maranhão, em Vila de Cava . “Gostei muito de todas as atividades, tanto a dinâmica de grupo quanto as histórias contadas. Não teve nada que não tenha gostado , as dinâmicas foram tão boas que reproduzi todas com as crianças nas aulas que dou no Bairro-Escola.” Ela pretende passar o conhecimento que adquiriu não só diretamente para as crianças nas sala de aula, mas também para vizinhos e parentes através de conversas construtivas. No encerramento geral do projeto, espera que sua turma seja a ganhadora dos MP4s e quer também que Amarilda, sua melhor amiga, seja premiada .

Natália da Silva Barbosa era uma das mais animadas da Turma B. Ela mora na rua Coronel Rafael Tobias e o que mais gostou nesse período de projeto foi dos amigos que conquistou, incluindo a oficineira Daiane e a assistente Amarilda. Diz que está tudo bom, mas vai ficar melhor ainda ,quando receber os R$ 100 da ajuda de custo. Pretende contar para todas suas amigas sobre todos os dias e todos os momentos importantes. “O momento mais emocionante foi quando a minha história 'O pássaro e a árvore' ganhou o MP4, foi o máximo.” Ela espera que sua turma saia premiada no domingo, na Vila Olímpica .

Taís Santana de Souza, a dona da festa

Não poderíamos contar a história dessa confraternização sem conversar com Taís Santana de Souza, que mora na rua Teodomiro Gonçalves. Para ela, foi um momento de aprendizado extremamente gratificante. “Quando eu ia para as oficinas, aprendia a ver o mundo com outra visão, uma visão muito mais profunda, mas ao mesmo tempo me divertia pra caramba. Aprendi.a prestar mais atenção nos momentos simples da cotidiano e a valorizá-los. O curso foi muito bom pra eu me socializar, perdi a timidez e fiquei mais comunicativa. Antes eu tinha vergonha de tudo.”

No grande encerramento com todos os bairros, ela espera ganhar um prêmio, pois se esforçou muito pela turma e pelo projeto. Ah, também quer que a Amarilda seja premiada. Quando lhe perguntei como foi receber com tantos jovens em sua casa, ela falou que foi ótimo porque parecia que todos eram amigos há muito tempo, tamanha a interação entre eles. Foi uma festa pra ficar na história.

A voz da oficineira
A oficineira Daine Brasil mora em Miguel Couto, mas ficou muito feliz de trabalhar em Vila de Cava por ser próximo a sua casa e por ter encontrado pessoas muito participativas e com o dom especial da criatividade. Ela tinha boas expectativas sobre o projeto, todas elas superadas. Foi muito bom pela participação intensa de todos os jovens. "Minha rua tem história" se tornou um projeto fantástico por ter dado aos jovens o entendimento da importância de elaborar projetos para a melhoria do bairro. Uma coisa que ela diz ter aprendido com os jovens é o otimismo de ver sempre o lado positivo das coisas. Uma energia incrível que às vezes mesmo sem subsídios mantêm a alegria de estar vivo. Gostaria de deixar uma mensagem pra quem participou desse projeto maravilhoso: “Que a particularidade de cada história é o mais importante e se torna a identidade do bairro, retratando a realidade do município e do país. Pena que alguns jovens não tiveram oportunidade de participar, e se inserir num projeto como este”.



Todos estão ansiosos para chegar logo à grande final dessa grande corrida de obstáculos. O grande final vai ser na Vila Olímpica no próximo domingo dia 28/09 às 16h. As turmas de Vila de Cava prometem levar muita emoção e espírito competitivo. Nunca abrindo mão da vontade de ser a turma vencedora e reconhecida por todos. Essa confraternização regional é só uma etapa para o desfecho e a contemplação de verdadeiros heróis que só se deram conta disso através deste grandioso Projeto , forjando em definitivo suas personalidades na preparação de uma grande jornada.