Oficina de grafite em Luiz de Lemos atrai cerca de
50 jovens
Por Tatiana Sant'Anna, Breno Alves Marques e Yuri Francisco de Oliveira
Fotos: Viviane Menezes
Luiz de Lemos 40° Graus. Num dia totalmente ensolarado e encarando uma temperatura altíssima, cerca de 50 jovens de Luiz de Lemos não desanimaram e formaram um mutirão para participar da oficina de grafite da gincana social "Minha rua tem história". O encontro foi em frente à Escola Municipal Luiz de Lemos, às 14h. Escondidos embaixo de marquises, telhas ou na copas de árvore, eles jovens se amontoavam em busca de qualquer sombra. No entanto, nenhum deles fazia a menor idéia do que ia acontecer. "Acho que é uma reunião para informar quando o curso retorna", diz uma das jovens.
Todos se surpreenderam quando o grafiteiro Dante começou a falar: "Hoje aqui vai ser uma parada bem rápida. É uma oficina criativa. Esse bairro aqui é o que tem mais pessoas. Nós estamos aqui para passarmos umas técnicas de grafite para vocês." O respeitoso silêncio feito em seguida pelos jovens escondia podia ser de surpresa e admiração, mas só depois que Dante pediu uma definição do grafite que percebeu que ele também tinha um quê de ignorância. "O grafite é uma arte", definiu Dante. "É uma cultura de rua".
Spray na mão
Terminada a conversa com os alunos, seguimos para o primeiro muro, Estrada Luiz de Lemos. A dona da casa não estava no momento. Mas ela não saiu de casa para trabalhar sem dar a autorização para a oficina de grafitagem.
No primeiro momento, os tímidos jovens se limitaram a observar a criação das linhas. Um dos primeiros jovens a se aventurar e ajudar a construir a representação no muro foi Ney Cláudio Pacífico, de 20 anos, que atualmente trabalha como mecânico e participa da gincana social.
Ney mora em Luiz de Lemos desde que nasceu: "Gosto de morar aqui", diz. Para ele, o Pro Jovem é algo que vai dar um peso a seu currículo e que é uma qualificação a mais para conseguir um novo emprego. Ele falou que gosta do curso e confessou que a bolsa auxílio ajuda bastante: "O dinheiro ajuda, pois eu trabalho muito e ganho pouco", revela o mecânico, que pretende cursar a faculdade de Educação Física.
Ney nunca tinha feito um grafite, mas não se sentiu intimidado com o spray: "Foi bom pra caramba grafitar. Se tivesse aula por aqui, eu iria fazer", dispara. Ele também disse que já conhecia o grafite e que tem amigos que o fazem. "A surpresa de hoje foi muito legal. Eu não esperava. Pensei que eles iam conversar sobre as alunas, o dia do retorno, aonde iria ter... e essas coisas", fala o rapaz, olhando admirado para o muro que ajudou a pintar.
MA-RA-VI-LHO-SO", diz Jéssica Luiza, de 20 anos, que estava com respingos de tinta no rosto: "Não me grafitei, me grafitaram", afirma Jéssica, aos risos. Mas não foi assim desde o início da oficina. "Pintei pela primeira vez. Minhas mãos tremiam. E você acha que pintar pela primeira vez não fica nervosa não?", ressalta a jovem, que estava admirada com que tinha feito.
Jéssica também contou que já conhecia o grafite e que tem amigos que fazem trabalhos no centro de Nova Iguaçu: "Acho legal esse trabalho. Mas nunca tinha visto isso por aqui", conta a jovem, que mora em Luiz de Lemos há apenas dez meses. Ela não sabia da surpresa da oficina: "Achei que era uma reunião, não sabia disso. Mas adorei a bagunça".
Já Milene Cristina Stenkofp, de 19 anos, resolveu apenas ficar observando: "Eu não gosto de desenhar, mas acho bacana quem sabe". Ela não sabia da surpresa feita pelo projeto, mas adorou a oficina: "Não vou me arriscar no grafite, se não vou estragar o desenho".
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