Por Luiz Felipe Garcez e Marina Rosa
Alguns podem até considerar grafite coisa de pichador, deliquente ou marginal. Mas não achamos ninguém que chegasse perto desse pensamento no Bairro Prata, onde chegamos às dez horas da manhã dessa última terça-feira. Estava na cara a alegria dos moradores que autorizaram o grafite em seus muros.
Luiz Carlos do Nascimento tem 51 anos e é mais ou menos dono da mercearia ao lado do Largo do Manhoso, como ele mesmo disse e preferiu não explicar, onde aconteceu a oficina de grafite da parte da manhã. Seu Luiz Carlos dividia sua atenção com a mercearia e com o grafite animado. “É legal ver isso acontecendo porque é uma forma de incentivar os jovens a participarem dos projetos, como esse mesmo que tá acontecendo”, disse ele, orgulhoso de seu muro.
Margareth Menezes, uma empresária de 44 anos nascida e criada
Não enche mais
Dona Vanuza, que mora há 40 anos no mesmo bairro, precisou de um pouco de tempo para assimilar a idéia de ter o muro de sua casa grafitado. “Não estamos acostumados com essas coisas, ainda mais por aqui, assim de graça”, disse rindo. Parte do humor de Dona Danuza se devia às obras do PAC na rua em que mora. “Se minha rua tem história, depois da obra vou falar: ‘minha rua enchia, agora não enche mais.’”
A oficina de grafitagem, juntamente com os números auspiciosos da gincana social “Minha rua tem história”, ajudou a mudar a opinião do simpático e extrovertido comerciante Alexandre Almeida, mais conhecido como Batata, sobre a gestão do Prefeito Lindberg Farias. Chegou a propor a adaptação do slogan grafitado no vistoso muro do ferro-velho de sua propriedade, no qual se lia “Lá em casa brincamos de não deixar torneira aberta. E na sua?”. “Por que vocês não colocam: ‘Doe a bateria do seu celular e preserve o meio ambiente’?”, sugeriu a Dante. “É que eu trabalho com isso e me ajudaria a divulgar essa campanha sem prejudicar o trabalho de vocês”, explicou.
Jeito na casa
Dona Berenice, que há 32 anos mora na casa cujo muro foi grafitado, teve medo de assinar a autorização para os funcionários da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo que a procuraram. Mas ela ficou muito satisfeita com o resultado da oficina. “Gostei da idéia de pintar o muro e ainda pedi para que o pintassem inteiro”, disse ela, que não sabia o que era um grafite. “Com a rua bonita e o muro pintado, vou ter que ajeitar mais a casa.”
Muros pintados, moradores satisfeitos, jovens repórteres cansados, grafiteiros bolados com a escassez de tinta e um sentimento comum de mais um trabalho realizado com sucesso: a Prata, que já não era a mesma no campo cultural desde as oficinas do “Minha rua tem história” agora já não é mais a mesma no campo físico com os grafites no muro de vários moradores.
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