quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A alvorada de um bairro

















"Minha rua" filma velho líder comunitário
Por Jéssica de Oliveira

Quem vê Jardim Alvorada hoje, não imagina que ele já foi um bairro com tantos problemas, que iam da falta de infra-estrutura à segurança, passando pela saúde, educação e transporte. Por causa desses problemas, muitos moradores pensarem em se mudar. "Mas se todas as pessoas abandonassem o lugar onde vivem em busca de outros melhores, nenhum bairro iria pra frente", diz Wilson Antunes Pereira, de 73 anos. Na condição de presidente da associação de moradores de seu bairro, ele lutou bravamente pelas melhorias que deram uma nova cara ao Jardim Alvorada.

A militância de Seu Wilson começou em 1979, quando fundou a associação de moradores de Rocha Sobrinho. Em 1984, tão logo se mudou para o Jardim Alvorada, procurou a associação e pouco tempo depois acabou assumindo-a. Na época, o bairro estava em péssimo estado. "Havia valões a céu aberto que transbordavam com a chuva, buracos que dificultavam a passagem de carros, mato que atraía bichos e muitos outros problemas que só os moradores podiam perceber", enumera ele.












46 ruas

Mas seu Wilson não cruzou os braços, nem ficou esperando sentado. Inúmeras cartas foram enviadas para a prefeitura, para o governador e até para o ministro do Interior, reivindicando melhorias. Mas nada foi feito. "Eu enviei a carta para o ministro e ele me retornou dizendo que não poderia nos ajudar porque o prefeito de Nova Iguaçu, na época, estava devendo FGTS." Vários prefeitos se sucederam até que sua rua (Selma) fosse asfaltada, há 7 anos. Mas não foi por ter os seus interesses pessoais atendidos que ele parou de lutar pelo bairro, a apenas três quilômetros do Centro. "Hoje é uma imensa alegria saber que 46 ruas estão recebendo saneamento e asfalto."

Basta uma caminhada pelas ruas do Jardim Alvorada para se perceber a popularidade de seu Wilson, que aumentou de modo expressivo com o fim das enchentes, da lama e do lixo nas ruas. Mas nem foram flores na vida desse velho líder comunitário. "Há pessoas que não entendem a minha boa-vontade e só fazem me criticar", lamenta. "Já quiseram até me linchar porque apoiei a derrubada de algumas árvores para a construção de 30 casas populares. Mas eu não me deixo intimidar. Peço sempre a proteção das autoridades e continuo com os meus trabalhos."

Seu Wilson também teve dificuldades de conter a revolta dos vizinhos, que chegaram a bloquear a Estrada de Madureira para chamar a atenção das autoridades. "Mas eu pedi paciência e, juntos, lutamos de forma civilizada pelo o que é nosso por direito." O presidente da associação de moradores vai recorrer à mesma paciência na luta pela nova pauta de reivindicações do bairro. "Agora queremos agências de Correios e de bancos, além de mais postos de saúde, escolas e áreas de lazer", enumera. "Com certeza, vamos conseguir!"

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