sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Nobreza sob a lua cheia

Seu Wilson defende causas nobres desde a época de Dom Adriano Hipólito
por Anderson Fat

É na doutrina espírita que um dos moradores mais antigos do bairro Jardim Alvorada encontra forças para lutar por melhorias onde mora. Para Seu Wilson Pereira, 73 anos, os ensinamentos de Alan Kardec lhe dão a paz interior necessária para lidar com a realidade dura que muitas vezes faz parte do dia-a-dia de seus contemporâneos encarnados. Em trinta anos de residência no bairro Jardim Alvorada, Seu Wilson enumera diversas conquistas de militância em prol da comunidade. À frente da associação de moradores do bairro, Seu Wilson buscou representar a população local e também a mediar momentos de tensão. "Uma vez os moradores tentaram fechar a Estrada de Madureira (Avenida Abílio Augusto Távora, principal via da região). Nessa hora tive que acalmar a multidão e convencê-los a reivindicar, mas sem vandalismo", lembra. O equilíbrio espiritual de Seu Wilson foi fundamental para contornar essas situações.

O petroleiro aposentado do Jardim Alvorada via na sua profissão a condição de alimentar seus sete filhos e no ativismo social o sustento para alimentar a sua alma. Ele revela que algumas vezes chegou a abandonar o serviço para fazer ações beneficentes. "Algumas pessoas sabiam que eu estava faltando por uma causa nobre e faziam vista grossa", admite. "Teve uma vez que fui punido. Me mandaram lá para a Ilha das Cobras, na Praça Mauá", relembra, convencido que era impossível fugir do trabalho naquele lugar. Nessa época, Seu Wilson se uniu à campanha do Betinho e distribuía alimentos para pessoas carentes. "A gente ia para o Ceasa de madrugada e buscava doadores para a campanha."

Antes mesmo de Seu Wilson chegar ao bairro, seus olhos estavam voltados para os menos favorecidos. Ele se lembra com muito orgulho das 1921 famílias que não foram despejadas de suas casas graças a pessoas como ele. "No dia do despejo, nós entrávamos nas casas do BNH, lá de Belford Roxo. A ajuda do Dom Adriano Hipólito foi essencial", revela. Mas foi sua atuação no Jardim Alvorada que chamou a atenção da técnica social do PAC, Ana Paula. Ana é responsável por mediar a relação do PAC com a população local e quando conheceu Seu Wilson fez questão de indicá-lo como personagem para o documentário que registrou o antes e depois das obras no bairro.
Saiba mais sobre Seu Wilson, personagem do documentário sobre o bairro Jardim Alvorada.
















Exibição lotada
Sentado no canto direito da última fileira, o primeiro espectador a chegar na Escola Rui Berçot de Mattos foi o próprio Seu Wilson. Ao contrário das estrelas de cinema, que não dispensam uma entrada triunfal, Seu Wilson mantinha total discrição ao lado de sua filha Selma Pereira, xodó adotado com apenas um dia de vida. Sob a luz da lua cheia, Seu Wilson se manteve quase estático, enquanto a quadra da escola começava a encher de gente para vê-lo na tela.

Ao iniciar o filme, Seu Wilson fixou os olhos na tela e só movimentava as mãos, friccionando uma na outra, revelando certa apreensão. Após os primeiros minutos, as mãos do petroleiro aposentado se acalmaram e ele se envolveu completamente com a narrativa do filme. Talvez esse tenha sido o único momento em que o papai coruja ficou mais de um minuto sem olhar para a filha Selma.

Quando o filme chegou ao fim, as pálpebras de Seu Wilson tentavam segurar as lágrimas que teimavam em cair. Com um nó na garganta e voz embargada, Seu Wilson só conseguiu dizer: "Muito bonito. Minha vontade era pôr esse filme na rua para todo mundo ver."

Antes da exibição do filme, Selma Pereira teve a oportunidade de ver sua primeira peça de teatro ao lado do pai. Selma se divertiu bastante com as loucas aventuras do casal de personagens Josicleide e Natalício, interpretadas pelos atores Francisco Salgado e Leandro Muniz. A peça dramatiza ações do dia-a-dia que podem contribuir para se ter uma cidade limpa e saudável.
Conheça a Dupla Salgado e Leandro: atores apresentam esquete ambiental em escolas municipais de Nova Iguaçu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que tem gente equivocada aí.... só eu moro aqui em Jardim Alvorada a 40 anos, e conheço muitas pessoas que viram minha mãe menina aqui. rsrsrs seu Wilsom pode até ser um militante aqui de Jd. Alvorada,mas da historia desse lugar que ja foi entre outras coisas um imenso laranjal, acho que ele sabe muito pouco!!!!